quarta-feira, maio 09, 2007

me surpreendo com a minha capacidade me atrasar em todos os compromissos que eu posso. todos. mantenho uma margem de atraso que varia de 10 a 20% do tempo total do comprimisso. é um relógio-interno-britânico de atraso. não falha.
daí, numa insubordinação à minha natureza, consigo chegar, ingenuamente, meia hora antes do show gratuito (isso diz tudo) do Zimbo Trio no Teatro Municipal.
como bom paulistano, eu nunca entrei no Teatro Municipal. só no de Porto Alegre há uns cinco anos atrás, mas o ingresso mais barato pro espetáculo era de umas quase-poltronas lá em cimão, meio inclinadas, que era tão ruim de ver o palco, que a gente se revezava na ponta pra enxergar alguma coisa. se eu estivesse pendurado na clarabóia estaria melhor.
daí aqueles lanterninhas, muito gentilmente, perguntaram se a gente não queria sentar num andar abaixo, mais civilizado, por um trocado módico. tchau sótão, olá espetáculo.
adiei o dia de ver o Municipal Paulista quando reparei num rocambole de seres humanos em volta do edifício, numa fila que não dava nem pra supôr onde começava ou onde terminava.
cheguei a suspeitar que estivessem distribuindo cesta básica de graça.
ainda bem que colocaram um telão do lado de fora. com som, claro.

se eu sou ingênuo de pensar que conseguiria entrar no show do Zimbo Trio, o que dizer do espertão que colocou os Racionais pra tocar na Sé lá pelas 3h da matina, depois que todo mundo já tinha passado o dia inteiro, pelo menos, enchendo a lata.
todo show estava lotado. o centro movimentado, bem família. isso me fez pensar que, tirando doar sangue, tudo que é de graça é altamente cobiçado. até o show da Zélia Duncan, vulgo abajur dos Mutantes, foi bem procurado (pelo menos nos cinco minutos que eu fiquei por ali).

inacreditável, o Papa é bem mais popular que o Corinthians. desde o show dos Flinstons que o Pacaembu não colocava 40 mil neguinhos lá dentro. e agora o Frei Galvão é o primeiro santo brasileiro, o que significa que é o primeiro santo que dá um migué, e a gente nem precisa pagar promessa, a gente põe na conta.

Nenhum comentário: