quinta-feira, setembro 28, 2006

detesto falar de política (menos nos bares que o povo de sociais vai, que aí preciso fazer minha média anti-alguma coisa), mas preciso comentar que tudo indica que o Lula, no probabelíssimo próximo mandato, irá governar estilo pequeno príncipe: uma mistura de ingenuidade e solidão.
cada dia que eu abro jornal sem ser o de esporte (uma média de uma vez a cada três dias) eu vejo alguém do PT sendo cassado, acusado, ou se demitindo pra facilitar as coisas.
quem vai sobrar, é a pergunta que se faz.
isso se chama, freudianamente de "repressão sexual voltada para o gozo". depois de vinte anos, com aqueles discursos, bravatas e greves, se segurando na ética, de repente, ver todas aquelas possibilidades de trambiques, vários outros políticos deitando e rolando ("porque eles podem e eu não?") a partir desse princípio infantil, os caras explodiram de uma vez só. pum!
todo mundo alucinando em fazer algo que não presta; é muito tentador.
isso conclui que, tirando aqueles políticos ligados ao Bob Dylan, o resto é uma raça nojenta mesmo, absurdamente corruptível, o que justifica minha campanha político-zoológica: "não alimente os animais. vote nulo"

falando em raça, o coronel do PFL que disse que aquela "raça" petista acabaria, ao contrário do que pensa a Carta Capital (se bem que eu nem li), acertou em cheio. acabou-se, numa auto-extinguição petista. os que acreditavam, estão numa vergonha, numa língua mordida, que suas bandeiras vermelhas hoje enfeitam o abajur e compõe uma cortina pós-neo-nada.
os que ainda acreditam, e levam a sério até greve de estagiário, foram pro PSOL, e o resto que ficou, foi cassado ou foi "convidado a se retirar". até os malufistas duraram mais tempo. tem que roubar no migué, na cadência. os caras fora com muita cede ao pote. estilo adolescente. corrupto precoce, dançaram.



dizem que no jogo de dardo, vence quem fizer mais pontos. e quanto vale acertar, em cheio, o pé de uma juíza distraidíssima? um milhão de pontos? pensa bem, é um alvo que se move. nunca mais vou dizer que sou azarado. nada, absolutamente nada, ganha de levar um dardaço atravessado no pé.... ela merece um prêmio "não sou distraída, apenas tenho um distúrbio de défcit de atenção estilo autista" ou " não sou distraída, sou uma juíza de jogo de xadres e estava fazendo um frila".


enfim, meu trabalho extenuante de ser eu mesmo, poda minhas chances de ser/fazer/escrever coisas interessantes. ser interessante dar muito trabalho na medida em que tem que ser bom.
minha última tentativa é: parecer ser interessante negando a vontade de ser interessante.
juro que quando eu aprender a ser engraçado compulsivamente (sem ser com uma platéia bêbada que nem aquela vez que eu saí me sentindo o tal) eu vou escrever todo dia uma crônica "deiz" !

enquanto isso, eu continuo acreditando nos passarinhos: são únicos que conseguem cantar numa segunda de manhã.

quarta-feira, setembro 27, 2006

detesto falar de política (menos nos bares que o povo de sociais vai, que aí preciso fazer minha média anti-alguma coisa), mas preciso comentar que tudo indica que o Lula, no probabelíssimo próximo mandato, irá governar estilo pequeno príncipe: uma mescla de ingenuidade e solidão.
cada dia que eu abro jornal, e não é o caderno de esporte (uma média de uma vez a cada três dias) eu vejo alguém do PT sendo cassado, acusado, ou se demitindo pra facilitar as coisas.
quem vai sobrar, é a pergunta que se faz.
isso se chama, freudianamente de "repressão sexual voltada para o gozo". depois de vinte anos, com aqueles discursos, bravatas e greves, se segurando na ética, de repente, ver todas aquelas possibilidades de trambiques, vários outros políticos deitando e rolando ("porque eles podem e eu não?") a partir desse princípio infantil, os caras explodiram de uma vez só. pum!
todo mundo alucinando em fazer algo que não presta; é muito tentador.
isso conclui que, tirando aqueles políticos ligados ao Bob Dylan, o resto é uma raça nojenta mesmo, absurdamente corruptível, o que justifica minha campanha político-zoológica: "não alimente os animais. vote nulo"

falando em raça, o füher do PFL que disse que aquela "raça" petista acabaria, ao contrário do que pensa a Carta Capital (se bem que eu nem li), acertou em cheio. acabou-se, numa auto-extinguição petista. os que acreditavam, estão numa vergonha, numa língua mordida, que suas bandeiras vermelhas hoje enfeitam o abajur e compõe uma cortina pós-neo-nada.
os que ainda acreditam, e levam a sério até greve de estagiário, foram pro PSOL, e o resto que ficou, foi cassado ou foi "convidado a se retirar". até os malufistas duraram mais tempo. tem que roubar no migué, na cadência. os caras foram com muita sede ao pote. estilo adolescente. corrupto precoce, dançaram.



dizem que no jogo de dardo, vence quem fizer mais pontos. e quanto vale acertar, em cheio, o pé de uma juíza distraidíssima? um milhão de pontos? pensa bem, é um alvo que se move. nunca mais vou dizer que sou azarado. nada, absolutamente nada, ganha de levar um dardaço atravessado no pé.... ela merece um prêmio "não sou distraída, apenas tenho um distúrbio de défcit de atenção estilo autista". ou então "não sou distraída, sou uma juíza de jogo de xadrez, e estava fazendo um frila".


enfim, meu trabalho extenuante de ser eu mesmo, poda minhas chances de ser/fazer/escrever coisas interessantes. ser interessante dá muito trabalho na medida em que você tem que ser bom. vou fazer que nem o Wood Allen e se utilizar da auto-depreciação como forma de agradar. minha última tentativa é: parecer ser interessante negando a vontade de ser interessante.
juro que quando eu aprender a ser engraçado compulsivamente (sem ser com uma platéia bêbada que nem aquela vez que eu saí me sentindo o tal) eu vou escrever todo dia uma crônica "dez"!

enquanto isso, eu continuo acreditando nos passarinhos: são únicos que conseguem cantar numa segunda de manhã.

terça-feira, setembro 19, 2006

e no dia em que papai me pagar aquele curso pra ser poeta, queimarei tudo isso;

falo coisas um pouco inteligentes e talvez aparentemente complicadas, só para fazer uma média;
deixei meu cabelo crescer e a barba mal-feita só para fazer aquela média;
fico deprimido sazonalmente-definitivamente para fazer uma média.

votei no Lula pra fazer uma média e vou votar nulo também pra fazer média.

finjo desinteresse pra suportar minha média,
caretas, trejeitos, roídas, é média, média, média.

não gosto de aniversário só pra fazer uma média,
agradeço os parabéns 'só por educação' pra fazer uma média.

reclamo daquilo que é bom reclamar, mas com um toque particular, pra fazer uma média.
elogio de vez em quando o pouco inusitado, como parte da média que pretendo fazer.

encorporo o cool-but-not-cool-for-everyone, porque isso sim é a média pra caramba.

reproduzo o plausível-periférico como a mais única média.

volto a pé pra fazer uma média.
não como carne pra fazer uma média.
escrevo com sentido o que parece sem sentido, frisando a média.

bem média é a vida que eu levo.
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.uma vez me disseram que média é café-com-leite

domingo, setembro 17, 2006

devaneios, devaneios

salsicha, salsicha, salsicha. às vezes esqueço de como se escreve.
mortandela não existe. é que nem o ene de muito. só existe pelo nosso nariz.
pelo nariz é normal, pêlo no nariz é bizarro, mas acontece.
cem o menor conpromiço con a limgua portugueza.
quero mais é que se dane-se.
o inglês é muito mais persuasivo.
é roots, é style, se faz presente numa happy hour depois rush, e os mais hypes que já passaram por uma bad trip, só esperam uma outra vibe. no shopping.

de fato, démodé, é falar francês.

a publicidade, coitada, vive de jobs, briefings, copy and paste, layers, gettyimages, photoshops, e estagiários conformados e dedicados. ah claro, e não podemos nos esquecer do uísque.

***

detesto bater na mesma tecla, hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
(tá certo, às vezes eu gosto), mas trabalhar continua sendo a atividade menos interessante que se possa fazer durante oito horas seguidas.

***
Tem uma garota, jovem, que eu vejo todo dia de manhã quando vou ao trabalho. quase sempre no mesmo horário, em lugares diferentes do bairro. ela se veste bem, e seu trabalho é passear com os cachorros dos outros.
isso é um serviço, e esta, segunda uma psicanalista brasileira que não me recordo o nome, é a era dos serviços. tem um pacote feito para tudo, inclusive (se não principalmente) para o lazer.
agora procuro no google um serviço de pacotes para trabalhador-substituto. passeie com meu cachorro, faça minha comida, transe comigo, cuide do meu filho, que seja, mas principalmente: trabalhe por mim.

***

o problema do capitalismo é que, além de gerar miséria, tristeza e comunistas panfletários, é que para o capitalista tudo é dinheiro, e dinheiro é tudo.
(olha meu saudosismo) ninguém respeita mais nada, nem pai, nem mãe, nem o sol, principalmente.
no dia em que o sol cochichar no teu ouvido 'meu filho, deite na grama, esqueça-te e deixe-me fazer uma massagem revigorosa', deveríamos obedecer. é justo. o sol tá lá, a vontade tá aqui, todo mundo sai ganhando. o sol é o responsável por tudo, qualquer doida-esotérica sabe disso. deveríamos levá-lo mais a sério. o "deitar sob o sol" é um componente ontológico da saúde mental. sem contar que faz bem pra pele e pros ossos. e principalmente (deve ser esse o problema) é de graça.

***
outro dia eu tava pensando qual seria o efeito de um avião ser desviado pra se jogar em cima de uma mesquita. um onze de setembro oriental. aí eu me dei conta do ridículo: se você quer ofender um oriental estilo islâmico, vá ao seu âmago, a religião. agora, no nosso caso, se você quer ofender um ocidental-burguer-king, quebre um prédio financeiro-econômico.

nosso totem é aquele 24hs que nunca nos deixa na mão, vermelhinhos, que aceita a maioria dos bancos, e que cobra uma pequena taxa por isso.
nossa missa de domingo é num templo enorme e fechado, com seguranças e cheio de vitrines.
nossa religião é essa: compre e seja louvado.
"ir para o céu" é acumular pontos de milhagens e "ir para o inferno" é ter o nome no SERASA.

ofenda um islâmico: faça uma caricatura do Maomé.
ofenda um ocidental: diga que sua camisa não combina com a calça, ou que seu cachicol é da coleção passada.

sorte que essa religião maluca não aceita fiéis que vivem do cheque especial.
bah... eu nem queria mesmo.

domingo, setembro 10, 2006

bobagem


alargador de pênis, manual do orgasmo feminino, como anular multas de trânsito (pera lá, os outros dois até vai, sou filho de Deus, mas multa de trânsito? eu nem dirijo) e umas frases de caminhão pelo Orkut. Esse é o cotidiano de um email que eu tenho (na verdade foi forçosamente tornado) só pra isso.
sabe que (lá vem eu e meu lado piegas) eu vejo esses spams como uma metáfora da vida.
porque no meio das porcarias, tem umas frases de Orkut que fazem bastante sentido.
ok, quando a religião não está presente no seu dia-a-dia, sua família é de alguma forma fragmentada e, pessoal ou profissionalmente existe algum tipo de entrave no seu desenvolvimento, então horóscopo e coisas esotéricas costumam fazer bastante sentido. até sorte do biscoito chinês tá valendo.
aí vem a metáfora. tinha uma frase piegas do orkut que fazia bastante sentido numa determinada situação. ora, no meio de tanta porcaria dá pra achar algo bom. e a vida é assim quando a coisa tá russa. e acredito que isso seja um condicional insuportavelmente-estimulante da vida: mesmo na lama, se você for sincero o bastante pra fazer uma auto-crítica você encontra uma coisa positiva, que vai contribuir pras coisas melhorarem. ok, chega de conselho do 'senhor Myang', ou seja lá qual for o nome do mestre do Karete Kid.

outra possiblidade é que, quando você não é poeta, artista, ou um cara com talento e sensibilidade suficiente pra fazer uma interessante (porque não tocante?) metáfora da vida, você faz metáforas de situaçõs ridículas e corriqueiras como esta que eu fiz. talvez seja uma metáfora da sua própria vida. hum? me perdi... mas enfim, não é a minha vida que é ridícula e corriqueira. ou você vai me dizer que sair do samba, encontrar a Elke Maravilha no ponto de taxi e ganhar uma bitoca dela é corriqueiro (sem comentar o ridículo)?

mas a vida tem dessa. tem que curtir muito ser deprimido pra só encontrar "dessabores" (pra utilizar jargões do samba). pois bem, vou apagar meu incenso, tomar um floral de Bach antes de dormir, meditar um mantra, e canalizar positivamente minhas energias pra da próxima vez escrever algo mais interessante que essa bobagem de hoje.
bah! todo mundo sabe que eu só escrevi essas besteiras pra dizer e frisar, que a Elke Maravilha me deu uma b-i-t-o-c-a-n-a-b-o-c-a.
e a próxima é de língua!
vou até roubar a maquiagem da minha irmã pra entrar no clima.

"o samba é alegria, falando coisas da gente
se você anda tristonho, no samba fica contente"
Paulito da Viola

ps: não, a Elke não é travesti, é que ela costuma guardar o pente dela no meio das calças. uahuahauhauhauhauhaua. tô brincando, ela usa peruca mas não é travesti. até porque, se vocês querem uma história envolvendo travestis, daí tem aquela, da vez que eu entrei bêbado no Vegas, e nem sabia direito da 'fama' de lá, e bem... foi uma situação delicada, foi por pouco.
ufa, sem mais supresas!

sexta-feira, setembro 08, 2006

confere botas. ok.
contagem regressiva.
fiuuuuuuuuuuuuuuuuuu
tchau chão. oi teto.

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olhar blasé. cigarro aceso. um tragada, o olho fecha um pouco, um sopro de fumaça pro lado (educação). o modo que segura o cigarro é displicente (até porque tudo é tão natural) .
as sobrancelhas se levantam, uma expressãozinha de espanto ("que absurdo"), seguido de um sorriso, uma risada, uma leve inclinação pra frente. rindo sempre como uma justificação de que, sim, sou uma pessoa super bem resolvida, portanto vivo feliz. reparem como sou feliz. tá bom, estou reparando. feliz e segura. impressionante. fraqueza nenhuma, sem titubeação. boa demais pra tudo isso.
blasé, blasé, blasé; assisti aquele filme daquele cara; fui ver aquela banda que é a banda; mais uma tragada. exagerar alguma situação, como aquele cara deu em cima de mim, como ele me liga. me cansa a beleza.
tadinha.
-- tá apaixonado?
-- tô puto.

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daí quando caiu no chão foi aquela confusão. foi rolando, rolando, rolando...machuquei o nariz, ralei o queixo, tudo com os olhos bem fechados. quase caiu num bueiro. sorte que eu puxei o narigão do meu pai, e ficou encalhada.
o corpo-torto-decapitado-desnorteado fazia qualquer coisa, menos ajudar. quando ela virou a esquina não tinha mais ângulo pra ver.
ela só foi parar atrás de um pneu de um carro estacionado. na frente de uma oficina: "do diabo, martelinho de ouro, pintura e reformas. aceitamos cartões. não fechamos domingo nem aspas.
foi um divórico mesmo. o corpo agora trabalha como boneco de posto, mexendo esquizofrenicamente seus braços. e a cabeça, coitada, a coisa mais útil que conseguiu se prestar foi de peso de papel, numa escravaninha aí.

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um gestinho obrigação-social-constrangedora-de-ter-que-cumprimentar-pessoas.
ora, ora, senhorita olhar blasé-estou-muito-ocupada-no-celular-combinando-resolvendo-articulando-algo-se-não-emociante-no-mínimo-marcante-vivencialmente não pode no momento fazer mais que um sinal. afinal, vocês sabem, bom, na verdade (se é que existe uma)não sabem.
(um suspiro). uma leve franzida na testa. uma cara de "é, é foda conduzir essa minha vida ocupada e atarefada-in-te-res-san-tís-si-ma". um degrau de cada vez. pronto, senta no trono, puxa o chicote, e (não sei qual é a onomatopéia do barulho do chicote, mas é isso agora) nas costas do seu empregado, que (com a ajuda de outro atrás) levantam o altar, e a conduzem pra sabe-se-lá-aonde.
aí eu grito: Cleópatra, eu sei que você é careca!
sorte que ninguém repara em mim no meio do arbustro.

....................................

engato a segunda. morreu.
desço e empurro.
-- não, não, tá oquei. já resolvo isso.
po-ponto-morto-to.
primiera, priimeeira, priimeeiraa, priiimeeeiraaa
segunda. morreu.
na terça foi enterro.
teve uma jazz big band, assim como ele desejava.
tocaram aquela, e todos dançaram.
e o caixão foi descendo vazio.
o dono da festa não conseguiu chegar.
ligou dizendo que o carro não conseguia engatar a segunda e que vivia morrendo,
e agora tinha empurrado até uma estranha oficina com uma cabeça como peso de papel.

terça-feira, setembro 05, 2006

sorte que minha auto-estima não depende dos comentários que me deixam, mas sim da quantidade de cerveja que tomo no fim-de-semana. é impressionante como é proporcional.
enfim, na verdade minha pseudo-ausência (já que mantenho uma regularidade nunca dantes mantida) se dá porque a única idéia que tenho pra escrever é sobre o meu simpaticíssimo patrão, sobre o real significado do trabalho na sociedade, sobre a nova classe de peão que se emancipou do canteiro de obra e foi calhar na frente de um computador e enfim... mas não posso porque o meu patrão, querendo se 'atualizar' queria saber sobre blogs e perguntou se eu tinha um, e bem, eu não pude negar. eu não minto mais desde aquele incidente em Copacabana envolvendo um gringo, uma falso aleijado e um câmbio-financeiro ambulante.

pois bem, a minha tese sobre uma busca etimológica de patrão como "aquele que detém a razão ad eternum' não poderá mais ser desenvolvida.

e todas as coisas engraçadas que acontecem lá na 'firma' serão negligenciadas.
a não ser que eu faça um outro blog só pra isso! mas ter mais de um blog é demais. daqui há pouco vou estar fantasiado fazendo plantão em fila de estréia do Star Wars III ou quem sabe numa feira de nano-tecnologia-galática (seja lá o que signifique 'nano').

mas eu penso que até pode ter sucesso um blog, onde as pessoas usem pseudônimos (ninguém merece perder o emprego por causa de blog) pra falarem mal de seus chefes e compartilhar frustrações e etc, mas sem o tom de auto-ajuda, lógico. eu escreveria várias engraçadíssimas.
então combinado, se alguém fizer eu já tenho uma coisa pra escrever.
não precisa ser umas coisas enormes, só umas coisas bestas do cotidiano, só um parágrafo, tipo:
"De como meu chefe consegue se contradizer em em apenas dois minutos" ou,
"Porque o meu chefe insiste em usar termos em inglês, com uma pronúncia ridícula em momentos inapropriados?" ou,
"Porque os corinthianos reclamam do Kia?" ou ainda,
"Como ele conseguiu ser dono disso tudo se ele ainda não aprendeu a mexer no mouse".
ou esse "Será que pelo fato dele ser meu pai eu também posso falar desse jeito com os outros?"


sei lá, usem a criatividade e desenvolvam, e me avisem.

a gravidade da situação é tanta, que faz umas duas semanas que não vou ao samba.
tá certo que eu até iria na outra semana, mas encontrei um velho amigo, apliquei aquela desculpa que eu comentei aqui já, e explodi a largada e fui dormi.

ah, falando em patrão, lembrei do meu professor (e se Deus quiser, meu futuro orientador da minha i.c.) enquanto meu chefe, bem, age como meu chefe, meu professor-orientador foi tomar uma cervejinha de sexta à noite comigo e no final das contas fui deixar ele em casa lá pelas quatro ou cinco da manhã (não lembro), depois do terceiro bar. acho que estou revendo meu conceito de intelectual. e quem sabe faço essa i.c., emendo uma pós-qualquer coisa, um doutorado mais migué da história, e enfim largo o serviço braçal e me retenho a ficar na beira de uma piscina, bebendo uísque e analisando "porque o Brasil não anda efetivamente pra frente" ou qualquer bobagem assim. estilo Arnaldo Jabor.

imagina minhas pseudo-crônicas no meio do Jornal Nacional? eu, com a maior cara lavada, inventando várias histórias, buscando uns absurdos do dia-a-dia pra justificar e fazendo metade da população fielmente acreditar em mim. a outra metade vai ficar ressabiada até eu dar uma entrevista nas páginas amarelas da Veja, e me tornar um "não-candidato" que não faria propaganda e ... desencana...
meu complexo de inferioridade de estagiário me faz viajar de vez em quando.
eu tenho que parar com essa mania de escrever umas coisas pessoais... era para eu escrever minhas teses sem apreço científico-acadêmico, de "vida" mesmo... uahuahuah
parei então.
tchau-tchau-tchau-tchau
vou demorar muito pra voltar a escrever, a não ser que aconteça algo engraçadíssimo no feriadão. tipo uns anões de farda desfilando no sete de setembro...

PS: lembrei o que eu ia dizer no Jornal Nacional. explicaria como "emendar" o feriado foi a base constitutiva da miscigenação brasileira, tão rica e frutífera. com mais tempo de folga pudemos aproveitar bem mais em festas e confraternizações do que trabalhando. e vocês sabem como festas são estimulantes. no final das contas sugeriria que o MinC tombasse a emenda de feriado como patrimônio cultural, sendo passível de cadeia o patrão que inventasse de pôr funcionário pra trabalhar no feriadão. Emendar o feriado é cultura, e cultura é bom. basicamente isso. vote em mim.

sábado, setembro 02, 2006

motivo de ausência, meu desenvolvimento do meu projeto da i.c.

1. Delimitação e Problematização do tema

1.1. Individualidade e produção massiva de artefatos culturais
A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. Assim sentenciam Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985) sobre a conseqüência da produção massiva de artefatos culturais no início do século XX. A ênfase no domínio da razão humana Iluminista, contribui para a sustentação, quase doutrinária, da razão técnica. A ascensão das relações capitalistas de produção, através da implementação da produção fordista alienante, com um único objetivo de tornar tudo e a todos coisas vendáveis, tem como resultado um embrutecimento da sensibilidade, onde o original é descartado e reduzido à mediocridade padronizada. Nas palavras dos autores da Escola de Frankfurt:
“A técnica da indústria cultural levou apenas à padronização e à produção em série, sacrificando o que fazia a diferença entre a lógica da obra e a do sistema social. Isso, porém, não deve ser atribuído a nenhuma lei evolutiva da técnica enquanto tal, mas á sua função na economia atual.” (Adorno & Horkheimer, 1985: 114)
Neste contexto de homens-objetos, a ação individual, dissociada de nexos de sentido mais profundos, emerge como a marca característica do comportamento humano no último século.
Adorno ainda salienta que o próprio lazer se torna uma extensão do trabalho e da ideologia dominante vigente (sustentada por esta Indústria Cultural), onde se divertir é estar de acordo com este sistema de caráter fugidio, e uma forma de idiotizar-se. Se a humanidade sempre foi guiada por fortes sentimentos religiosos, patrióticos ou familiares, agora se vê imersa num auto-engano produzido em escala massiva, exigindo a emancipação de seu valor-de-troca mediante o consumo aprazível e destituído de reflexão – ao menos à moda Iluminista.
Como o Capitalismo convive com a ameaça de uma superprodução (como a crise de 1929), o estímulo ao consumismo é imprescindível. Para tanto, o processo social de produção de auto-significação da existência, mediante o consumo individual dos valores e princípios norteadores da existência, vai acontecer na relação da comercialização de produtos, o que inevitavelmente gera uma crise no desenvolvimento de identificação. As tradicionais instituições que costumavam nortear a sociedade não se adaptam às transformações ocasionadas pela produção em massa e pelo “aqui-agora” postulado pelo Capitalismo. O vazio que fica vai sendo preenchido pela comunicação massiva e a mídia em geral, que como uma indústria qualquer, produz para a venda um produto: o comportamento, resultando na instituição do que Guy Debord chamou de Sociedade do Espetáculo (1997): isto é, uma sociedade cujas relações interpessoais são mediadas por imagens que se apresentam como algo superior à própria experiência empírica e material.
Essa condição produz e é produzida pela evolução tecnológica dos meios de transporte e comunicação, as quais diminuíram as distâncias geográficas, possibilitando a globalização da ideologia capitalista de consumo instantâneo, cuja forma de cultura é pasteurizada e homogeneizada. A sociedade já não sustenta suas significações baseadas em relações concretas, mas sim, em marcas. Como bem disse Debord (1997: 21-2), o espetáculo produzido pela mídia é o “totem” e a consciência religiosa de um mundo não-religioso,
“ele é seu próprio produto, e foi ele quem determinou as regras: é um pseudo-sagrado. Mostra o que ele é: o poder separado desenvolvendo-se em si mesmo, no crescimento da produtividade por meio do refinamento incessante da divisão do trabalho em gestos parcelares, dominados pelo movimento independente das máquinas; e trabalhando para um mercado cada vez mais ampliado. Toda comunidade e todo senso crítico dissolveram-se ao longo desse movimento, no qual as forças que conseguiram crescer ao se separar ainda não se encontram.” (Debord, 1997: 21-2)
O que se costuma chamar pós-modernidade é a crise generalizada que se vê a partir desta pseudo-autonomia que o ser humano possui, não mais controlado por valores ligados às tradicionais instituições, porém, absorto num imediatismo e num ritmo frenético de uma sub-locação produtiva, fragmentada, que vem aumentando as desigualdades sociais. Segundo Dany-Robert Dufour:
“Na tendência à dessimbolização em que presentemente vivemos, não é mais, com efeito, o sujeito crítico, colocando prioritariamente uma deliberação conduzida em nome do imperativo moral da liberdade, que convém, também não é o sujeito neurótico preso numa culpabilidade compulsiva, é um sujeito precário, acrítico e psicotizante que é doravante requerido – entendo por ‘psicotizante’ um sujeito aberto a todas as flutuações identitárias e, conseqüentemente, pronto para todas as conexões mercadológicas. O cerne do sujeito progressivamente dá lugar ao vazio do sujeito, um vazio aberto a todos os ventos.” (Dufuor, 2005: 21)
Impotente e narcísico, sem controle de seus desejos, este “novo” homem mediado por imagens e pelo acúmulo significativo de valores-de-troca, negligencia o passado, desprezando o futuro e consumindo o presente. É órfão de uma representatividade político-social, e submete-se àquilo que é estimulado e não questionado: a individualização no processo de criação de uma identidade própria, que por sua vez é comprada, usada e descartada, conforme a última tendência.

1.2. Publicidade e espetáculo: o caso do Banco Real
Esse consumismo desenfreado e sua conseqüente construção das referências unicamente individuais geram mal-estar com as condições de existência construídas – fato esse assinalado por vários pensadores, e mais diretamente por Zigmunt Bauman (1998). No entanto, os indivíduos podem “responder” a essa situação consumindo referências que denotem demandas éticas mais amplas, menos auto-centradas e politicamente corretos, como é o caso dos produtos e serviços ecologicamente corretos.
Vale notar que se trata de uma resposta que agencia alguns dos instrumentos de reforço à ordem social vigente, com as características predatórias e acima mencionadas, contra outros tantos elementos dessa mesma ordem. Mas não só isso, pois se trata também de uma estratégia de posicionamento de mercado, buscando chamar a atenção da opinião pública para sua marca/serviço através de medidas pertinentes ao desenvolvimento sustentável, por exemplo. Assim, muitas empresas socialmente responsáveis aplicam medidas para lidar com a inevitável degradação do meio-ambiente e simultaneamente reforçam aspectos das relações sociais – a busca pela obtenção ampliada de lucro, por exemplo – que contribuem para o incremento desse mesmo processo destrutivo.
O Banco Real foi pioneiro entre os bancos no Brasil a agir dessa forma. Sua missão é contribuir para o desenvolvimento econômico e social, formalizando um compromisso com a sociedade. Seu atual slogan, “fazendo mais que o impossível”, pressupõe uma empresa engajada na sustentabilidade dos recursos naturais, vinculadas à projetos sociais, e que em suas próprias palavras busca “uma relação mais equilibrada entre o lucro, as pessoas e o planeta.” Além da utilização de papel reciclado em larga escala e investir no uso inteligente dos recursos naturais, o Banco Real ganhou o prêmio World Business Awards por integrar a sustentabilidade nos negócios, associando assim a idéia de uma empresa preocupada com o futuro.
Assim, a questão que surge é a do alcance dessas medidas em termos de construção de imagem institucional – as campanhas publicitárias bastam para sedimentar essa imagem? – e de seus alcance em termos de modificação das atitudes por partes das pessoas atingidas por essas imagens.