terça-feira, julho 26, 2005

Picadas de um Mundo Hostil

Eu sempre pensei que o fato de um nascer e viver numa cidade grande me traria algumas conseqüências ruins. São inúmeras. Tenho preguiça de citá-las. Mas eu ainda pensava que havia males que vêm para o bem. Não é possível que tomar toda essa água ferrugenta e clorificada, comer essas frutas sem sabor e envenenadas, respirar esse gás carbônico levemente salpicado de oxigênio não vá trazer ao meu corpo uma espécie de resistência químico-biológica semelhante a um mutante no melhor estilo X-Men.
Sério. E é aí que sou surpreendido novamente pela fantástica Mãe Natureza, a nossa mãe desnaturada que nos deu, de nascença, impulsos criativos e ambiciosos que nos faz hoje, seres viciados em se fuder. Porque, pra mim, é clara a noção de que a História do Homem é a História de pessoas se fudendo o tempo todo. Nos dois sentidos.
Enfim, aonde eu quero chegar é o seguinte: como eu, homem civilizado da cidade grande, resistente a inúmeros poluentes, não posso passar dois dias no campo que as picadas de um mosquito sei-lá-o-quê deixam minha perna dolorida e inchada? Como pode? Picada de mosquito da cidade grande, coça mas passa. Picada de mosquito do interior é que nem mancha de limão na pele: leva um tempo pra você se desfazer. São muito poderosos esses mosquitos. Acho que é a alimentação deles. O povo do interior vive bem, em contato com a natureza, se alimentando de coisas naturais pouco industrializadas, são resistentes. O sangue deles deve ser super nutritivo. Aí os bichos ficam federados na picada, acabando com a gente.
A natureza é cruel. Pode ter certeza. É só assistir ao Discovery Channel pra você ver. Se o mundo fosse bonititnho e “harmônico” que nem defendem os ambientalistas as picadas de mosquito fariam coceguinhas, seriam doces, sei lá... Mas não, quando você vê, seu tornozelo tá inchado de um modo que você NÃO CONSEGUE VER o seu tornozelo. Nem jogando meu sagrado futebol consegui fazer isso.
O mato já foi um lugar nebuloso e mágico para nossos antepassados; depois conquistamos o mato e fomos morar no meio dele. Aí, alguém “brilhante” inventou o asfalto, o barulho e a poluição e disse: “ei pessoal, e se a gente vivesse aqui? Olha , tem água quente!” E foi assim que a coisa desandou.
Uma vez uma professora me disse que o Homem já não possuía mais instintos. Aí eu retruquei ingenuamente dizendo que quando eu fico PUTO com alguém tem a ver com meus instintos, e que quando eu quero matar alguém (depois do remédio que tô tomando parei com essas idéias) também fazia parte dos meus instintos. Então ela disse que se você estiver no meio do mato, você não saberá aquilo que você pode comer ou não. Só comemos o que está enlatado, congelado ou pré-cozido pra ser feito no microondas. O bom de viajar para o campo é que a gente faz uma auto-crítica com base na humildade. No meio do mato, qualquer cachorro vira-lata, pomba de fio de elétrico consegue se virar. Agora, eu quero ver um homo sapiens da vida, acostumado à miojo, Harry Potter e Messenger...
Percebe como o ser humano é estúpido? Acho incrível nossa evolução tecnológica, até hoje pra mim, entender como funciona o telefone é fantástico. Você fala e sua voz é transmitida automaticamente pra uma pessoa que está muito longe. Por onde a nossa voz passa, meu Deus?? Eu falo no celular, a minha voz entra no aparelho, vai pro AR, por correntes invisíveis e NO MESMO MOMENTO chega no ouvido da pessoa do outro lado da cidade. Juro, eu acho incrível essas coisas. Mas mesmo assim a gente não sabe o que comer se estivermos perdido na selva, nosso habitat natural. Vai ver é por isso que o Homem destrói as florestas, rios e bio lugares, para certificarmos que nunca mais a gente volta pra nossa saudosa maloca natural. Pra acabar com o medo de ser pego pelo chupa-cabra, pela caipora, pelo saci e pelos mosquitos pequenos e silenciosos que deixam marcas profundas em nossas pernas. Por isso que eu idolatro os índios. Se o Raoni ainda estiver vivo vou votar nele em 2006. E antes que eu me esqueça: se Minâncora funcionasse mesmo eu não estaria reclamando das picadas.

segunda-feira, julho 18, 2005

Manual Prático do Vagabundo parte I

Existem basicamente dois tipos de vagabundo: o do bem e o do mal. O do bem é aquele que se sente um pouco embaraçado em dizer em público que é vagabundo. O do mal não dá a mínima pra isso. Ambos os casos, ao contrário do Garfield, adoram segunda-feira. O do bem, porque é a chance de começar a fazer algo útil, o do mal, pra mostrar para os outros que sábado, domingo ou segunda, tanto faz na vida de um vagal. E é verdade.
Claro que eu sou um vagabundo do bem, com pequenas recaídas para o mal. Mas naturalmente bonzinho, como já dizia algum pensador francês de alguma época aí de grandes pensadores...
Vagabundo de verdade gosta da noite. Na verdade tanto faz, mas geralmente está dormindo de dia. E à noite passa os melhores programas na TV, é mais fácl de usar a Internet, e existe menos contato social constrangedor. Ah, e também é praticamente impossível alguém marcar uma entrevista de emprego à noite.
Vagabundo descobre o dia em que se está olhando na data do jornal; vagabundo leva esporro do pai e pensa que é só um puxão de orelha; e vagabundo gosta de passar o tempo fazendo atividades estúpidas, como varrer alguma coisa com o próprio pé, ou ficar pensando em situações absurdas como "se tudo à minha volta alagasse qual seria o primeiro aparelho eltrônico que eu salvaria ?"
Vagabundo escrevem psudeo-crônicas. Ponto final.

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Vagabundis erectus
Existem muitos tipos de vagabundos por aí. Existem até vagabundos que trabalham ( e isso é o que mais tem por aí). Tem o famoso e mais popular Vagabundis politicus, que migram em massa a cada dois anos para Brasília; tem o Vagabundis cartolis, que aparecem frequentemente nos clubes de futebol; tem as Vagabundis vagabundas, que dizem que aquilo que elas fazem à noite com aqueles caras é ganhar a vida. Mas quase nenhum deles supera o Vagabundis publiquis, uma espécie de vagabundo que dá com muita frequência nos cargos públicos. Esse sim é mestre em ser vagabundo. Uma espécie forte, resistente, de pedigree, originário do cruzamento de malandros, corruptos, sem-vergonhas e preguiçosos, o Vagabundis publiquis consegue se manter imune em seu hábitat natural aos avanços "predatórios" da tecnologia. Até hoje eles mantém distância de computadores, internet, fax e qualquer outro mecanismo que otimize o funcionamento das instituições públicas e traga dinamismo para o trabalho. Difícil de dizimar esta espécie, eles costumam se multiplicar por conseguintes familiares, passando a tradição de pai para filho. Costumam viver até idades avançadas e se dão bem com espécies mais jovens, desde que estas não apareçam com novas idéias.

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Se você vai dormir quando os passarinhos estão cantando, você é um vagabundo.
Se você agradece o homem do jornal quando ele entrega a sua edição em casa, você é um vagabundo.
Se pra você tanto faz almoço e jantar, você é um vagabundo.
Se contar quantos canais da TV a cabo são estrangeiros é um passatempo pra você, então você é um vagabundo.
Se você acha o Orkut a melhor coisa que inventaram depois de "Friends", você é um vagabundo.
Se você, num dia de semana não sai de casa porque parece que vai chover, você é um vagabundo ( e um fresco!).
Se você refaz algumas brincadeiras infantis pra ver se ainda são engraçadas, você é um vagabundo.
Se você fcia na frente do espelho esperando que algo "aconteça" do nada, você é um vagabundo.
Se você entra no Messenger "só pra ver quem está lá", você é um vagabundo.
Se você é destro e resolveu escovar os dentes, abrir a geladeira e usar o mouse com a mão esquerda, então você, meu filho, È UM VAGABUNDO!

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Se você se identificou como vagabundo, e quer fazer amigos, junte-se ao clube. Meu MSN tá na página do meu Orkut, tá?

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VagabundArte, ou a Arte de ser Vagabundo consiste numa série de técnicas complexas e bem articuladas, onde o tédio e a ausência de atividades úteis são preenchidas por uma sutil atividade intelectual ou física, que promovem um rápido bem estar e uma sensação reconhecimento social. A VagabundArte é alcançada após longo período de reflexão nula num ambiente propício à vagabundagem. A VagabundArte é uma maneira fina, elegante e quase oculta de ser vagabundo. Para poucos, diga-se de passagem.

sábado, julho 09, 2005

abstinência de idéia e atitude

Neste momento passo por uma crise de criatividade. Faz quase duas semanas que eu não escrevo uma pseudo-crônica...
Então lá vai um trocadilho desnecessário: a situação é crônica.

Por falar em crise, minha sinusite voltou...
Sinusite é que nem parente chato. Aparece periodicamente na sua vida só pra te incomodar.
Não é possível que essas coisas não tenham cura. Na verdade, eu tenho uma tese de que tudo tem cura, mas nunca dizem, pra gente sempre ter que comprar remédios... Por isso estou fazendo minha parte e não compro mais remédios alopáticos. Depois de tratar um furúnculo com pasta de inhame com gengibre e repolho (é verdade!), agora faço a minha própria solução nasal com água morna e sal. Gente, não se preocupem, não é loucura, estou vivo. Mas essas coisas só funcionam se fizer um ritual de magia antes. Mas essa é uma outra história.

Eu estava pensando, tudo que acontece na Europa vira moda no Brasil. Então a gente poderia aproveitar essa Tendência de Inverno "atentados em Londres" e fazer uma versão "atentados em Brasília". Sério. Tá uma PUTARIA esse governo... sem condições. Só pra lembrar, toda essa grana que eles passam a mão, É NOSSA, de todos os impostos que a gente paga. É uma espécie de assalto à mão-leve indireta. Nessas horas eu me pergunto: quem foi o chatão que acabou com aquela história de enforcamento em praça pública?
Tive uma idéia. Como se acaba com a corrupção no Brasil? Impede os caras de chegarem no trabalho!
A gente deveria colocar umas bombas naqueles carrões pretos luxuosos do governo, mas sem matar ninguém. A gente explode os carros quando eles estiverem na garagem. E põe um bilhete assim: "isso só foi um teste pra ver se estava funcionando. A próxima vez a gente espera você entrar nele." Acho legal isso. É uma forma de boicotar os políticos de irem até o Planalto, a Câmara, e de consequentemente ROUBAR!

As coisas são muito maquiadas... O único jeito da população se rebelar contra essas coisas é a Fátima Bernardes apresentar o Jornal Nacional assim: "Boa noite. Hoje no Senado Nacional, o deputado Fulano de Tal te roubou o equivalente a 10 anos de impostos."

Sabe o que seria da hora? a gente fazer uma mega protesto, mas um diferente. Passeata, carro de som, faixas e bandeiras não levam a nada. Só faz barulho, atrapalha o trânsito e etc. Tem que ser uns protestos CriaTiVos. A gente combina de todo mundo ir ao mesmo tempo na delegacia mais perto de suas respectivas casas e fazer um B.O., alegando que foi roubado por tal político. Seria incrível! Estrumbando todas as delegacias, deixando os caras loucos...

Que coisa... Quero só ver essa eleição de 2006. Na verdade não quero.

Eleição é uma merda. Se é pra eleger ladrão, vamos votar no Robin Hood, que pelo menos dá para os pobres. Sem contar que o Robin Hood, segundo a lenda, não tinha mais parentes vivo, ou seja, garantia de que não haverá nepotismo no seu governo.

vou tratar minha sinusite que eu ganho mais...
tchau.

PS: antes que eu me esqueça, o J R Duran, fotógrafo da Playboy, é um puta babaca arrogante. Rodeado de frescos e capachos. Sério. O cara é desprezível.