segunda-feira, julho 18, 2005

Manual Prático do Vagabundo parte I

Existem basicamente dois tipos de vagabundo: o do bem e o do mal. O do bem é aquele que se sente um pouco embaraçado em dizer em público que é vagabundo. O do mal não dá a mínima pra isso. Ambos os casos, ao contrário do Garfield, adoram segunda-feira. O do bem, porque é a chance de começar a fazer algo útil, o do mal, pra mostrar para os outros que sábado, domingo ou segunda, tanto faz na vida de um vagal. E é verdade.
Claro que eu sou um vagabundo do bem, com pequenas recaídas para o mal. Mas naturalmente bonzinho, como já dizia algum pensador francês de alguma época aí de grandes pensadores...
Vagabundo de verdade gosta da noite. Na verdade tanto faz, mas geralmente está dormindo de dia. E à noite passa os melhores programas na TV, é mais fácl de usar a Internet, e existe menos contato social constrangedor. Ah, e também é praticamente impossível alguém marcar uma entrevista de emprego à noite.
Vagabundo descobre o dia em que se está olhando na data do jornal; vagabundo leva esporro do pai e pensa que é só um puxão de orelha; e vagabundo gosta de passar o tempo fazendo atividades estúpidas, como varrer alguma coisa com o próprio pé, ou ficar pensando em situações absurdas como "se tudo à minha volta alagasse qual seria o primeiro aparelho eltrônico que eu salvaria ?"
Vagabundo escrevem psudeo-crônicas. Ponto final.

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Vagabundis erectus
Existem muitos tipos de vagabundos por aí. Existem até vagabundos que trabalham ( e isso é o que mais tem por aí). Tem o famoso e mais popular Vagabundis politicus, que migram em massa a cada dois anos para Brasília; tem o Vagabundis cartolis, que aparecem frequentemente nos clubes de futebol; tem as Vagabundis vagabundas, que dizem que aquilo que elas fazem à noite com aqueles caras é ganhar a vida. Mas quase nenhum deles supera o Vagabundis publiquis, uma espécie de vagabundo que dá com muita frequência nos cargos públicos. Esse sim é mestre em ser vagabundo. Uma espécie forte, resistente, de pedigree, originário do cruzamento de malandros, corruptos, sem-vergonhas e preguiçosos, o Vagabundis publiquis consegue se manter imune em seu hábitat natural aos avanços "predatórios" da tecnologia. Até hoje eles mantém distância de computadores, internet, fax e qualquer outro mecanismo que otimize o funcionamento das instituições públicas e traga dinamismo para o trabalho. Difícil de dizimar esta espécie, eles costumam se multiplicar por conseguintes familiares, passando a tradição de pai para filho. Costumam viver até idades avançadas e se dão bem com espécies mais jovens, desde que estas não apareçam com novas idéias.

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Se você vai dormir quando os passarinhos estão cantando, você é um vagabundo.
Se você agradece o homem do jornal quando ele entrega a sua edição em casa, você é um vagabundo.
Se pra você tanto faz almoço e jantar, você é um vagabundo.
Se contar quantos canais da TV a cabo são estrangeiros é um passatempo pra você, então você é um vagabundo.
Se você acha o Orkut a melhor coisa que inventaram depois de "Friends", você é um vagabundo.
Se você, num dia de semana não sai de casa porque parece que vai chover, você é um vagabundo ( e um fresco!).
Se você refaz algumas brincadeiras infantis pra ver se ainda são engraçadas, você é um vagabundo.
Se você fcia na frente do espelho esperando que algo "aconteça" do nada, você é um vagabundo.
Se você entra no Messenger "só pra ver quem está lá", você é um vagabundo.
Se você é destro e resolveu escovar os dentes, abrir a geladeira e usar o mouse com a mão esquerda, então você, meu filho, È UM VAGABUNDO!

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Se você se identificou como vagabundo, e quer fazer amigos, junte-se ao clube. Meu MSN tá na página do meu Orkut, tá?

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VagabundArte, ou a Arte de ser Vagabundo consiste numa série de técnicas complexas e bem articuladas, onde o tédio e a ausência de atividades úteis são preenchidas por uma sutil atividade intelectual ou física, que promovem um rápido bem estar e uma sensação reconhecimento social. A VagabundArte é alcançada após longo período de reflexão nula num ambiente propício à vagabundagem. A VagabundArte é uma maneira fina, elegante e quase oculta de ser vagabundo. Para poucos, diga-se de passagem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Puta-que-pariu, Anjinho, seus pots são mt bons. Porém entrei numa leve depressão após ler suas definições pra vagabundo, pq me encaixo em quase todas...bom, depressão não, vai. Orgulho.