sábado, novembro 25, 2006

tá ok.

UOL me disse: morreu ontem o último panda marrom e branco. Neste momento, uma lágrima escorre pelo meu rosto.

...

No começo, ser enganação é ótimo: você faz uma média, constrói um personagem, faz um pout-pourri de esteriótipos, alguns trejeitos, e uma ideologia bonita-ecológicae-ou-anacrônica também ajuda. as pessoas compram a idéia e daí você vai alcançando o seu objetivo social-local. Só que vai passando um tempo, e vai ficando perigoso quando você mesmo começa a acreditar na sua própria enganação e começa a esperar que você tome atitudes conforme aquilo que você mesmo projetou ser. Aí vem uma certa frustração, e um lembrete: é mesmo, eu não sou assim, era só brincadeira. daí você levanta do chão, reconstituí os fragmentos da sua cara, passa um durepox, toma um chá de humildade (pode ser de saquinho) e começa a bolar outra enganaçãozinha.

Fui no meu SAC psicológico reclamar que o conteúdo do produto que eu tinha adquirido não constava com as promessas da embalagem.

...

Outro dia caiu um pé d’água aqui em casa, tão forte, com os maiores e mais fabulosos trovões que eu já vi na minha vida. Era cada barulho de explosão impressionante. Juro. Pensei comigo mesmo: pra quê tudo isso? Deus deve estava com raiva de alguém. Aposto que alguém no bairro anda cometendo o incesto.
O pior que raios e trovões são imprevisíveis (se alguém sabe prevê-los com certeza não sabe me explicar), então você acaba de levar um susto com um e vai ficar sempre na tensão de levar outro susto, que a qualquer momento cai mais um. A qual-quer mo-men-to! Coloca um violino no fundo e temos um filme de terror.

Fiquei imaginando na nossa época pré-tribal-tribalista. Claro que não existia civilizações antigas atéias. Como explicar a fúria do raio e do trovão? Não dá nem pra dormir. Daí imaginei um pré-histórico, numa dessas tempestades elétricas-magnéticas-que-queimam, dando bobeira num lugar descampado e levando um raiasso na cuca e lógico, batendo as botas. Daí, no dia seguinte, naturalmente acabaram-se o raios e a tribo encontra o sujeito morto. O ser humano não costuma ser muito inteligente quando anda em grupo, portanto deve ter sido fácil associar ‘fim-dos-raios’ com o ‘martírio-sacrifício’ do desatento que vacilou. Pronto, tivemos nosso primeiro santo-totem-mágico responsável, ainda não pela colheita, mas pelo fim das trovoadas-relampejadas. E este foi o princípio dos sacrifícios e dos cultos malucos. Nossa primeira autoridade religiosa e conseqüentemente política, foi um mané distraído na chuva.
Por isso eu não confio em autoridades. Está em sua gênese o seu caráter estúpido.

...

Partindo do pressuposto que preciso passar uma idéia de culto, tive que ir na Bienal.
Ainda mais que se o meu projeto de fazer um vídeo descoladex, colocar no YouTube e esperar a MTV me contratar não der certo, virarei artista, daqueles incompreendido por anos, e por isso já preciso ir me atualizando.
Não farei críticas, pois sei que réles mortais não entendem a Arte contemporânea, e como grandes vanguardas injustiçadas, só lá na frente vão reconhecer seu valor. Por isso quero ser da turma pra-frentex, que ignora o saudosismo, e acho tudo ‘bár-ba-ro’.
Fala sério, as fotografias estão ótimas, mas o que mais me impressionou foi uma ‘obra’ no meio da Bienal, estilo playground infantil, questionando o quanto crianças podem atrapalhar um pai numa exposição e portanto vou deixá-la nesse pula-pula se distraindo.
Sem contar o vídeo do gato comendo um rato.
Foi lindo. Quase fiz uma performance:
O gato.
O gato come.
O gato come o rato.
Como o gato come.
De fato, o rato.
De novo, o gato.
De fome não morro.
No morro tem churrasco de gato.
O gato comeu o rato
Da-rou-pa
Do-Rei
De- Ro-ma.

Sou fã de arte conceitual. Mas às vezes faço ridículo. Perdi dez minutos absorvendo todo o conjunto sígnico-semiótico da questão das queimadas nas florestas, dos atentados terroristas, das explosões deliberadas. Mas daí minha irmã me puxou e disse: “não Rafa, isso é apenas um extintor; faz parte do sistema de segurança do prédio.”
Ah bom. Alguma coisa eu entendi de lá.

tá ok.

UOL me disse: morreu ontem o último panda marrom e branco do mundo. Neste momento, uma lágrima escorre pelo meu rosto.

...

No começo, ser enganação é ótimo: você faz uma média, constrói um personagem, trejeitos, ideologia, faz um pout-pourri de esteriótipos, as pessoas comprarm a idéia, se emocionam e você alcança algum objetivo social-local. Só que vai passando um tempo, e vai ficando perigoso quando você mesmo começa a acreditar na sua própria enganação e começa a esperar que você tome atitude conforme aquilo que você demonstra ser. Aí vem uma certa frustração junto com um lembrete: é mesmo, eu não sou assim, era só de brincadeira.

Fui no meu SAC psicológico reclamar que o conteúdo do produto que eu tinha adquirido não constava com as promessas da embalagem.

...

Outro dia caiu um pé d’água aqui em casa, tão forte, com os maiores e mais fabulosos trovões que eu já vi na minha vida. Era cada barulho de explosão impressionante. Juro. Pensei comigo mesmo: pra quê tudo isso? Deus deve estava com raiva de alguém. Aposto que alguém no bairro anda cometendo o incesto.
O pior que raios e trovões são imprevisíveis (se alguém sabe prevê-los com certeza não sabe me explicar), então você acaba de levar um susto com um e vai ficar sempre na tensão de levar outro susto, que a qualquer momento cai mais um. A qual-quer mo-men-to! Coloca um violino no fundo e temos um filme de terror.

Fiquei imaginando na nossa época pré-tribal-tribalista. Claro que não existia civilizações antigas atéias. Como explicar a fúria do raio e do trovão? Não dá nem pra dormir. Daí imaginei um pré-histórico, numa dessas tempestades elétricas-magnéticas-que-queimam, dando bobeira num lugar descampado e levando um raiasso na cuca e lógico, batendo as botas. Daí, no dia seguinte, naturalmente acabaram-se o raios e a tribo encontra o sujeito morto. O ser humano não costuma ser muito inteligente quando anda em grupo, portanto deve ter sido fácil associar ‘fim-dos-raios’ com o ‘martírio-sacrifício’ do desatento que vacilou. Pronto, tivemos nosso primeiro santo-totem-mágico responsável, ainda não pela colheita, mas pelo fim das trovoadas-relampejadas. E este foi o princípio dos sacrifícios e dos cultos malucos. Nossa primeira autoridade religiosa e conseqüentemente política, foi um mané distraído na chuva.
Por isso eu não confio em autoridades. Está em sua gênese o seu caráter estúpido.

...

Partindo do pressuposto que preciso enganar com uma idéia de culto, tive que ir na Bienal.
Ainda mais se o meu projeto de fazer um vídeo descoladex, colocar no YouTube e esperar a MTV me contratar não der certo, virarei artista, daqueles incompreendido por anos, e por isso preciso ir me atualizando.
Não farei críticas, pois sei que réles mortais não entendem a Arte contemporânea, e como grandes vanguardas injustiçadas, só lá na frente vão reconhecer seu valor. Por isso quero ser da turma pra-frentex, que ignora o saudosismo, e acho tudo ‘bár-ba-ro’.
Fala sério, as fotografias estão ótimas, mas o que mais me impressionou foi uma ‘obra’ no meio da Bienal, estilo playground infantil, questionando o quanto crianças podem atrapalhar um pai numa exposição e portanto vou deixá-la nesse pula-pula se distraindo.
Sem contar o vídeo do gato comendo um rato.
Foi lindo. Quase fiz uma performance:
O gato.
O gato come.
O gato come o rato.
Como o gato come.
De fato, o rato.
De novo, o gato.
De fome não morro.
No morro tem churrasco de gato.
O gato comeu o rato
Da-rou-pa
Do-Rei
De- Ro-ma.

Sou fã de arte conceitual. Mas às vezes faço ridículo. Perdi dez minutos absorvendo todo o conjunto sígnico-semiótico da questão das queimadas nas florestas, dos atentados terroristas, das explosões deliberadas. Mas daí minha irmã me puxou e disse: “não Rafa, isso é apenas um extintor; faz parte do sistema de segurança do prédio.”
Ah bom. Alguma coisa eu entendi de lá.

domingo, novembro 19, 2006

Homenagem ao malandro

da Hollanda o mais perto é um bisavô na Itália. Buarque-quem? ninguém mesmo. e de Chico só meu bicho de estimação. minha ligação com o Chico passa do vinil pela agulha que vai pro amplificador, chega aos meus ouvidos, e num dia mais sensível (nunca direi isso na frente dos meninos, portanto não espalhem) toca meu coração. eu sou um cara muito sensível e quem discordar disso eu espanco até sangrar, dou bica na costela e de quebra encoxo a mãe do otário.

eu, no mais completo sentimento de inveja, conformado e inconformado, poderia até dizer que o 'burguesinho nasceu em berço de ouro, de família de intelectual, que tinha tempo e dinheiro pra estudar e conhecer um monte de coisa que propiciou uma fertilidade criativa de qualidade", como se qualquer um que estivesse no seu lugar teria feito o mesmo. mas não posso atacar com meu jargão de comunistinha-mal-amado. simplesmente porque, além de tudo que o Chico faz, ele realmente ganha minha admiração com o empenho que ele tem em ser jogador de futebol, ter um time, uniforme e levar a sério um aspecto tão forte da nossa cultura. e ai de quem discordar de que futebol é cultura.

detesto fazer elogios rasgados para homens (a não ser pro meu pai), mas é impressionante a capacidade que o Chcio tem de ser talentoso e fazer bem feito em todas as áreas. para me livrar do perigo, passo a peteca: nas palavras da minha mãe e tias, "ele escreve bem, faz lindas músicas, é sensível, é inteligente, culto e como se não bastasse, é lindo", "é, é lindo", confirma uma amiga delas.
ok. eu não caso enquanto o Chico estiver vivo. sou narcisista mas sei que é meio difícil competir com unanimidades.

malandro é o gato. o cara se auto-projetou de uma forma que não tem nenhum aspecto que desagrada. já no meu caso, ou é um ou é outro: quando eu consigo ser bonito, consigo proporcionalmente ser estúpido, quando dou uma de culto não fico muito atraente, e quando jogo bola daí nem presto atenção em outras coisas.

o Chico agrada a todos. malandro, não se contentou em cantar, resolveu ser poeta; não se contentou com música fez livro; não se contentou em ser bonito ainda resolveu ser jogador de futebol; só pra me agradar, aposto.

sorte que eu não sou amigo dele. se fosse, todas as pessoas perderiam a graça.

como eu não pensei nisso antes? sensível que joga uma bola e entende as mulheres. perfeito.
a fórmula é ótima, e eu bem que tentei, mas no caminho topei com uns criaturas, e no lugar da poesia e daquele olhar angustiado-romântico-pronto-pra-criar-arte, eu acabei indo pro bar esquematizar as táticas dos hedonistas f.c.
e eu também entendo as mulheres: ampliei meu cheque especial e já consegui um cartão de crédito.

Freud disse uma vez que a capacidade de um artista de 'tocar' o espectador, é que este último, reconhece, talvez indiretamente, um conteúdo e uma expressividade do inconsciente do artista naquela obra. e como em nossa sociedade reprimimos nossos desejos e os deixamos em quarentena no inconsciente, acaba gerando um certo prazer, ao 'ver' numa obra uma possível identificação dos nosso desejos do inconsciente com os do exposto pelo artista.

com isso concluí que minha possível vida de artista está fadada ao fracasso, já que eu extrapolo meus cri-cris do inconsciente nas mais puras e tenras criaturagens da vida. ou seja, eu gasto tudo no rolê, não sobra pra pôr numa 'obra de arte'.

eu só precisava de uns 30% do mel do Chico e uns 10% da conta bancária. e o pior que ele não teve filho homem pra herdar o principado. que coisa. único!

mas um dia ele morre e a Terra volta a ter homens 'normais'.
amém.
(ainda bem que já tenho um monte de mp3 dele)

sábado, novembro 18, 2006

aaliás, e que me sirvam todos os aliás e sua capacidade etmológica de voltar no tempo, o intuito era começar assim: por favor, estamos na pós-modernidade, me poupe de falsos moralismos, aliás, me poupe de moralismo algum.

e descartamos todos os padrões afim de podermos utlizarmos todos de uma só vez.

e de uma só vez engulimos, sem mastigar, até porque mastigar perde um tempão, e tempo é dinheiro, ou tempo é alguma coisa relativa que importa pra alguma outra coisa. na verdade ele, o tempo, é uma abstração futurista, sempre adiante, tentando alcançá-lo, correndo e correndo e sempre avante, não sei o que faria se o pegasse de fato, venderia, ou displicentemente deixaria escorrer pelas minhas mãos, atônito, pasmo, olhando alguma coisa colorida-animada-interativa, e o tempo voltaria a si, correndo e correndo e se distanciando, e deixando pra trás a gente e nossas preocupações, e aquele pé-de-galinha, e aquele diploma, e aquela chance, e a hora de decidir enquanto ele some no horizonte.

o tempo volta amanhã. logo de manhã com o barulho do despertador.
e enquanto nos espreguiçamos, lavamos o rosto, e pensamos sinceramente, se, de fato, vale a pena levantar e fazer de novo tudo aquilo que já fizemos e fazemos e não sabemos aonde vai, daí o malandro dispara na nossa frente, quieto, na surdina, e quando olhamos no relógio, não temos tempo de pensar que ele já fugiu de novo.

uma vez eu peguei uma gaiola velha, uma ratoeira e um pega-mosca, daqueles grudentos mesmo, e fiquei de plantão pra ver se eu pegava e aprisionava o tempo.
enquanto armava a armadilha, o tempo passou e passou e passou e eu não percebi. passou que cansou, grisalhou. perdi um tempão.

na segunda foi fantástico. tive certeza que ele, em sua façanha ardil, seja lá o que isso signifique, deu, de leve, um passo pra trás. cara-de-pau, na minha frente. depois da quarta ele é mais disciplinado, na segunda, me provoca, ao melhor estilo governamental, dois passos pra frente, um passo pra trás.

ficar velho não é o problema. o problema é a contínua existência de pessoas mais jovens. engraçado pensar que eles vão continuar mesmo depois que o tempo espalhar por aí que eu já fui, e fazer com que me esqueçam.

tem tempo pra tudo. tem tempo passado, tempo fresquinho. o meu tempo é na chapa junto com uma média.

o Paulo me deu bom conselho. amanhã não existe. coloco um dia de cada vez no meu calendário. por isso me atrapalho com datas festivas e feriados. meu calendário só fica pronto no último dia do ano, quando o ano acontece e surge ali no seu próprio fim. um dia de cada vez. e o ano nasce simbolicamente pra acabar. e é pra isso que eu uso tempo, pra acabar com ele. gasto na hora, pra não deixar ele sair na frente, e eu voltar a correr atrás;
franca mania de doido: correr atrás do tempo é se situar pra trás.
e no atrás,do tempo, está o passado.
nunca acreditei em Papai Noel mas sempre fui ingênuo.
até um tempo atrás jurava que o John Lennon era comunista.
eu escutava aquela música "Instant Karma", e com meu inglês pra-lá-de-Marrakesh, ao invés de compreender "we all shine on", entendia "we all share all". ou seja, vamos compartilhar tudo, como a Lua, como as Estrelas, como o Sol. achava que ele era uma espécie de comunista hippie (estilo minha mãe), que descarta o velho bordão da distribuição de renda, e evoca a humanidade no compartilhar dos "bens da natureza", como a Lua, as Estrelas e o Sol.
buenas. como na verdade é apenas "brilhar" ao invés do romântico "compartilhar", ele perde completamente a insígnia comunista, e Sir John Lennon volta a ser, pra mim, apenas um hippie bem sucedido em Nova York. uma espécie de yuppie do bem.

...
vida engraçada. eu ia escrever na semana passada uma pseudo-crônica com seguinte título:
A difícil arte de ser um irresponsável ou como eles estavam corretos quando me chamaram de lúmpen.
eu até tinha esquematizado na minha cabeça um princípio norteador da crônica (coisa que eu não faço), e até esboçava o parágrafo final onde explico como eu perdi minha carteira com meus documentos dentro, depois de quase 24horas de esbórnia-total, realizando minha meta de ser indigente. mas daí, não deu tempo, fiz um começo que não ficou bom e desisti.
e de fato, concluo minha irresponsabilidade: para com meus documentos, para com meus leitores e meu futuro literário.

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minhas histórias mais legais eu não posso contar por uma questão ética.
só o círculo mais próximo sabe. aliás, só é legal pros meninos, daqueles bem criaturas.
o que sobra é aquela velha história sobre trabalhar, perder tempo, perder as coisas (ao total foi meu primeiro RG, meu estojo e agora minha carteira, sem contar minha reputação na faculdade ao longo desse ano).

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se tem uma coisa admirável na PUC é o seu caráter público. além de dividir o espaço da van do yakissoba com alguns mendigos (ou habitantes da calçada pra eufemizar na amizade aê) que enventualmente comem por lá, descobri agora, que um meio-mendigo que fica lá no entorno da faculdade usa o banheiro da PUC. e exatamente o do meu prédio. como se não bastasse, no momento em que eu estava lá. pois é, o que os olhos não vêem o coração não sente. podia ter passado sem essa.
é uma disputa acirrada com os cachorros da FFLCH.

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ah tá. a pseudo-pseudo sobre ser irrsponsável era porque eu tinha uma visita a fazer a Bienal, ler um livro, fazer um trabalho, e todo, sinceramente mesmo, todo fim-de-semana eu prometo que vou fazer alguma coisa acadêmica útil. e impressionante como todo fim-de-semana eu faço a mesma coisa: vou pra esbórnia e volto em coma. o pior é a minha capacidade de auto-enganação perpétua. eu sempre me convenço que, antes, sou um intelectual, estudioso e aplicado que 'se dá ao direito de uma esbórniazinha, já que sou filho de Deus também' do que um quase alcoólatra inveterado, que de vez em quando abre uma página da Cult, tenta entender patavinas daquele povo que fala tudo 'embasado', com seus conteúdos e literaturas de difícil assimilação, faço uma careta de "sim, claro, eu estendendo. foi em mil novescentos e quarente e três, logo depois de de mil novescentos e quarento e dois, acho que estou pegando" e depois compro uma "Piauí" numa banca bem pop pra me sentir a par do que se passa com os modernets.

sorte que eu não sou cristão pra acreditar em inferno. porque de longe, no mais longínquo e distante, sou a maior enganação de todos os tempos. acho que só perco praquele Andy Kaufman. mas só.

é porque vocês não viram meu Curriculum Vitae. quem lê pensa que eu sou um designer poliglota, que desistiu de fazer uma pós-pós em Harvard pra tentar a vida como estagiário em algum puleiro, como experiência sociológica na pós-modernidade.

...
eu achava que eu era um jovem bem pós-moderno. repararam como sou distraído e narcisista?
mas daí explicaram que eu sou mimado e que tenho DDA. faz sentido.

...
só pra não falar que só falo de mim. e essa meninas modelos que morreram? que coisa né...?
tanta gente passando fome e elas cuspindo comida. vomitaram tanto que morreram. que o diga Jimi Hendrix. elas queriam ser mega-magricelas, estilo raquíticas. é estilo do anti-Botero de ser. quem disse que só terceiro mundo copia a estética do primeiro?

ai, quanta maldade.

sexta-feira, novembro 10, 2006

no primeiro dia, de vida, era aquela bolinha rosa;
no segundo dia, de trabalho, me sugeriram morar no Rio;
no terceiro cruzamento, de carro, consegui explodir a tampa de alguma coisa lá dentro;
na quarta vez, ouvindo, eu enjôo da música;
na quinta, a feira, pensei seriamente em falar com ela;
na sexta, agora é sério, eu prometo pegar leve;
a sétime, boca, em geral, é fogão;
no décimo sétimo, aniverário, dei um perdido na família;
às oito, eu levanto;
à uma, peço a pseudo-saideira;
às duas, pago a verdadeira;
no vigésimo terceiro, outono, eu me formo;
aos trinta, vou querer minha própria bolinha rosa;
aos quarenta e cinco, consegui virar o jogo;
às vezes penteio o cabelo, mas é só pra ver como é que fica;
no último dia, quero jazz, churrasco, e por favor, sem tulipas, todos sabem que minha flor predileta é a de maracujá, interpretada pela Gal.

respostinha rápida

não posso deixar meus leitores falando sozinho. dos últimos recados:

1- rivotril? é genérico barato que dá barato? agora só quero saber de drogas que me façam alcançar meu inconsciente. me falaram em Dalí e heroína. bem, por enquanto vou continuar na cerveja-em-demasia e papelões em público. sei lá, tenho medo de dorgas pesadas. vai que me dá um piripaque e eu morro. minha ia ficar puta comigo.

2- querido anônimo. se você não leu minhas últimas pseudo-blá-blá-blá, é basicamente isso: eu sinceramente já me conformei que eu sou um cara desinteressante, e eu não tenho nada contra troféus, eles que tem contra mim, e a minha incapacidade heróica de conquistá-los. se o que vale é uma coisa brilhante acumulando pó pra mostrar pras crianças, então eu vou bezuntar minha sogra de purpurina e acho que resolve.

3- pois é. alguém, além dos mendigos morimbundos e barmans frustrados, têm que me dar atenção. responder era o mínimo que eu poderia fazer.

4- eu te conheço. e sim, no meu troninho reino como ninguém. desde os tempos que eu tinha minha vassala: "mãeeeeee... termineeeeeeei". hoje já atuo como autônomo no meu reinado.

5- realmente, quanta bobagem. toda vez que eu faço uma bobagem eu ponho a culpa no meu pai, no complexo de Édipo e na falta de atenção que ele me deveu. no caso de outras pessoas, eu ponho a culpa na pós-modernidade anuladora de caráter substancial subjetivo. no seu caso Gustavo, a culpa é do seu timinho amarelão. se destrua, use drogas, faça tatuagens artesanais com a gilette do teu pai, mas evite morrer por favor, que ainda tenho planos pra gente. agora, se morrer, pra você, for algo imprescindível, então pelo menos posso ficar com aquela tua camisa da seleção alemã? prometo ir no seu enterro.

terça-feira, novembro 07, 2006

respondendo ao Gustavo (o azarado da última mensagem)

Querido Gustavo,
não, minhas pseudo-qualquer-crônicas não decaíram, justamente porque elas são como o Governo Lula: não decaiu porque nem chegou a evoluir.

sobre seu triste recado, confesso que me conforta, pois contava com o BIFE pra fechar o ano da criaturagem-geléia-geral. meu feriadão também não foi um 'daqueles', mas isso eu explico na próxima pseudo-blá-blá-blá.
ao contrário do seu desabafo disfarçado de crítica, ainda não atingi o nível de "literatura messenger", primeiro porque é absurdamente contraditório, já que uma anula a outra, segundo, porque ando evitando coisas do tipo, "kd vc?", ":) :( ;)", "naum" e outras coisas ininteligíveis, que essa "moçada" anda fazendo (eu também gosto de gíria de velhos).

o pior de perder ns Jogos Universitário (sou um cara experiente nisso) é se dar conta que aquele era o teu maior projeto dos últimos - no mínimo - três meses. daí é uma boa hora pra refletir o que a gente anda fazendo da vida, quais são as nossas prioridades, e se dar conta da nossa juventude hedonista futebol clube, da qual faço questão de ser o capitão.

ainda não sei porque você não jogou o futsal, mas perder sem dar raça não é coisa da nossa 'famiglia'. explique-se.

um conselho? desiste do futebol, volta pro vôlei e pensa que existe outras maneiras da gente se exibir pras menininhas da faculdade. ah, mas você namora. então deixa. melhor ler um livro bem cult e pensar que "não precisamos dessas insígnias arcaicas que glorificam empenhos coletivos, que são douradas, brilhantes, e ficam pra sempre guardados na nossa memória como um símbolo da nossa conquista e valor, popularmente conhecido como troféu de campeão".

sobrou um pouco de anti-depressivo comigo, depois daquela última vez. se quiser, me liga logo, que a última cartela já estou consumindo junto com meu cereal matinal pra ver se eu ainda aguento trabalhar.

abraço
RAfa!

quinta-feira, novembro 02, 2006

respondendo aos anônimos II

1- querido anônimo de retórica de dar inveja (ooops, de novo): se tem uma coisa que eu não faço, com absoluta certeza, na vida, é optar pelo trabalho. é uma obrigação financeira-social. nada como terminar uma sexta-feira praguejando, sentando praticamente com as costas, e, depois de respirar fundo lançar uma: "essa semana foi fogo". é o resmungo da dignidade. outra coisa, eu não passo momentos solitários na frente do computador, eu apenas abro uma lata de cerveja e venho escrever.

2.1- ele mereceu.
2.2 - não sou nenhum expert em Bíblia, Alcorão e nem manual de etiqueta, mas sei que a inveja não matou Caim. Caim, com inveja, matou Abel! a inveja fez Caim ser expulso por Deus, lá da terra onde ele estava, sabe-se lá pra onde. (salve o google, minha enciclopédia eletrônica de pequenas coisas rápidas e inúteis!)

3- meu feriado começou com uma premissa (e um dia uma promessa): conhaque nem com limão.

4- não, não arranjei uma namorada. meu namorado não deixa. uhauahuahuahauhauha.
já falei que parei com essas coisas de namorar. trabalhar já dá trabalho e acaba com seu tempo. se eu arranjar uma namorada, daí abro mão de qualquer possibilidade de emancipação e produção sígnica subjetiva. minha vida social se resumirá aqueles barzinhos, com aquele cara tocando uma MPBzinha de leve no violão, e depois um filme. ponto, fim da vida.
sem contar que eu tenho aquele problema, daquela paixão platônica pelo meu próprio ego.

não sou negligente, não tenho tempo, e quando tenho, não tenho idéias.

***
Diário de um desinteressante: um desabafo coerente

a banda mais esquisita que eu conheci foi os Tribalistas.
meu cabelo mais radical foi aquela vez que eu pintei com papel crepom.
filme europeu só os do Mr. Been.
meu salário mínimo responde ao meu sucesso profissional.
não tenho nenhuma viagem incrível nos meus planos.
meu time está fugindo do rebaixamento.
só apareci no jornal aquela vez no reveillon na Paulista.
meu sobrenome não tem um monte de consoantes difíceis de pronunciar parecendo que tenho ascendência nobre.
a melhor idéia que eu já tive foi andar por perto das pessoas que têm as melhores idéias.

***
sobre o futuro: ninguém mais escreve à mão. é a morte da caligrafia!
msn, email, scraps... a próxima geração será a geração adulta com a letra de mão mais feia que já existiu. aquele estilo infantil de escrever será o padrão. se ninguém pratica, não evolui.
que vergonha. não dá pra levar a sério um adulto com aquela letra 'insegura' e arredondada de criança.

***
falando em criança, será que uma criança que tem pais gays anula o Complexo de Édipo?
olha só, a pós-modernidade passando a perna no Freud.
droga de pais caretas que eu tenho...

quarta-feira, novembro 01, 2006

respondendo ao anônimo

invejoso sim. assumido. invejoso e olho grande: se não oferece, cai no chão!

pra entender meus resmungos: eu até queria escrever sobre o meu vacilo de não ter avisado-lhes que eu votei nulo nessa eleição, desencanei do Lula. eu sei que estagiários não costumam ser formadores de opinião, (e sinceramente, hierarquicamente, 'opinião' é assunto que passa longe), mas mesmo assim, me senti no dever cívico de avisá-los que anularia de novo. tarde demais: nosso candidato só fez 4%, tipo a Heloísa Helena... (vejam só, então já podemos montar um partido do voto nulo).

além disso, pensei em comentar mais alguma coisa sobre o fim-de-semana e a banda finlandesa que eu jurava que era argentina.
mas acontece que está tarde e preciso dormir pra acordar e trabalhar e todo aquele blá blá blá repetitivo que eu gosto tanto de 'comprtilhar'.
não tem como eu escrever mais: culpa do Trabalho, o deus mór da dignidade humana.
fim.