sábado, novembro 25, 2006

tá ok.

UOL me disse: morreu ontem o último panda marrom e branco do mundo. Neste momento, uma lágrima escorre pelo meu rosto.

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No começo, ser enganação é ótimo: você faz uma média, constrói um personagem, trejeitos, ideologia, faz um pout-pourri de esteriótipos, as pessoas comprarm a idéia, se emocionam e você alcança algum objetivo social-local. Só que vai passando um tempo, e vai ficando perigoso quando você mesmo começa a acreditar na sua própria enganação e começa a esperar que você tome atitude conforme aquilo que você demonstra ser. Aí vem uma certa frustração junto com um lembrete: é mesmo, eu não sou assim, era só de brincadeira.

Fui no meu SAC psicológico reclamar que o conteúdo do produto que eu tinha adquirido não constava com as promessas da embalagem.

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Outro dia caiu um pé d’água aqui em casa, tão forte, com os maiores e mais fabulosos trovões que eu já vi na minha vida. Era cada barulho de explosão impressionante. Juro. Pensei comigo mesmo: pra quê tudo isso? Deus deve estava com raiva de alguém. Aposto que alguém no bairro anda cometendo o incesto.
O pior que raios e trovões são imprevisíveis (se alguém sabe prevê-los com certeza não sabe me explicar), então você acaba de levar um susto com um e vai ficar sempre na tensão de levar outro susto, que a qualquer momento cai mais um. A qual-quer mo-men-to! Coloca um violino no fundo e temos um filme de terror.

Fiquei imaginando na nossa época pré-tribal-tribalista. Claro que não existia civilizações antigas atéias. Como explicar a fúria do raio e do trovão? Não dá nem pra dormir. Daí imaginei um pré-histórico, numa dessas tempestades elétricas-magnéticas-que-queimam, dando bobeira num lugar descampado e levando um raiasso na cuca e lógico, batendo as botas. Daí, no dia seguinte, naturalmente acabaram-se o raios e a tribo encontra o sujeito morto. O ser humano não costuma ser muito inteligente quando anda em grupo, portanto deve ter sido fácil associar ‘fim-dos-raios’ com o ‘martírio-sacrifício’ do desatento que vacilou. Pronto, tivemos nosso primeiro santo-totem-mágico responsável, ainda não pela colheita, mas pelo fim das trovoadas-relampejadas. E este foi o princípio dos sacrifícios e dos cultos malucos. Nossa primeira autoridade religiosa e conseqüentemente política, foi um mané distraído na chuva.
Por isso eu não confio em autoridades. Está em sua gênese o seu caráter estúpido.

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Partindo do pressuposto que preciso enganar com uma idéia de culto, tive que ir na Bienal.
Ainda mais se o meu projeto de fazer um vídeo descoladex, colocar no YouTube e esperar a MTV me contratar não der certo, virarei artista, daqueles incompreendido por anos, e por isso preciso ir me atualizando.
Não farei críticas, pois sei que réles mortais não entendem a Arte contemporânea, e como grandes vanguardas injustiçadas, só lá na frente vão reconhecer seu valor. Por isso quero ser da turma pra-frentex, que ignora o saudosismo, e acho tudo ‘bár-ba-ro’.
Fala sério, as fotografias estão ótimas, mas o que mais me impressionou foi uma ‘obra’ no meio da Bienal, estilo playground infantil, questionando o quanto crianças podem atrapalhar um pai numa exposição e portanto vou deixá-la nesse pula-pula se distraindo.
Sem contar o vídeo do gato comendo um rato.
Foi lindo. Quase fiz uma performance:
O gato.
O gato come.
O gato come o rato.
Como o gato come.
De fato, o rato.
De novo, o gato.
De fome não morro.
No morro tem churrasco de gato.
O gato comeu o rato
Da-rou-pa
Do-Rei
De- Ro-ma.

Sou fã de arte conceitual. Mas às vezes faço ridículo. Perdi dez minutos absorvendo todo o conjunto sígnico-semiótico da questão das queimadas nas florestas, dos atentados terroristas, das explosões deliberadas. Mas daí minha irmã me puxou e disse: “não Rafa, isso é apenas um extintor; faz parte do sistema de segurança do prédio.”
Ah bom. Alguma coisa eu entendi de lá.

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