sábado, novembro 18, 2006

nunca acreditei em Papai Noel mas sempre fui ingênuo.
até um tempo atrás jurava que o John Lennon era comunista.
eu escutava aquela música "Instant Karma", e com meu inglês pra-lá-de-Marrakesh, ao invés de compreender "we all shine on", entendia "we all share all". ou seja, vamos compartilhar tudo, como a Lua, como as Estrelas, como o Sol. achava que ele era uma espécie de comunista hippie (estilo minha mãe), que descarta o velho bordão da distribuição de renda, e evoca a humanidade no compartilhar dos "bens da natureza", como a Lua, as Estrelas e o Sol.
buenas. como na verdade é apenas "brilhar" ao invés do romântico "compartilhar", ele perde completamente a insígnia comunista, e Sir John Lennon volta a ser, pra mim, apenas um hippie bem sucedido em Nova York. uma espécie de yuppie do bem.

...
vida engraçada. eu ia escrever na semana passada uma pseudo-crônica com seguinte título:
A difícil arte de ser um irresponsável ou como eles estavam corretos quando me chamaram de lúmpen.
eu até tinha esquematizado na minha cabeça um princípio norteador da crônica (coisa que eu não faço), e até esboçava o parágrafo final onde explico como eu perdi minha carteira com meus documentos dentro, depois de quase 24horas de esbórnia-total, realizando minha meta de ser indigente. mas daí, não deu tempo, fiz um começo que não ficou bom e desisti.
e de fato, concluo minha irresponsabilidade: para com meus documentos, para com meus leitores e meu futuro literário.

...
minhas histórias mais legais eu não posso contar por uma questão ética.
só o círculo mais próximo sabe. aliás, só é legal pros meninos, daqueles bem criaturas.
o que sobra é aquela velha história sobre trabalhar, perder tempo, perder as coisas (ao total foi meu primeiro RG, meu estojo e agora minha carteira, sem contar minha reputação na faculdade ao longo desse ano).

...
se tem uma coisa admirável na PUC é o seu caráter público. além de dividir o espaço da van do yakissoba com alguns mendigos (ou habitantes da calçada pra eufemizar na amizade aê) que enventualmente comem por lá, descobri agora, que um meio-mendigo que fica lá no entorno da faculdade usa o banheiro da PUC. e exatamente o do meu prédio. como se não bastasse, no momento em que eu estava lá. pois é, o que os olhos não vêem o coração não sente. podia ter passado sem essa.
é uma disputa acirrada com os cachorros da FFLCH.

...
ah tá. a pseudo-pseudo sobre ser irrsponsável era porque eu tinha uma visita a fazer a Bienal, ler um livro, fazer um trabalho, e todo, sinceramente mesmo, todo fim-de-semana eu prometo que vou fazer alguma coisa acadêmica útil. e impressionante como todo fim-de-semana eu faço a mesma coisa: vou pra esbórnia e volto em coma. o pior é a minha capacidade de auto-enganação perpétua. eu sempre me convenço que, antes, sou um intelectual, estudioso e aplicado que 'se dá ao direito de uma esbórniazinha, já que sou filho de Deus também' do que um quase alcoólatra inveterado, que de vez em quando abre uma página da Cult, tenta entender patavinas daquele povo que fala tudo 'embasado', com seus conteúdos e literaturas de difícil assimilação, faço uma careta de "sim, claro, eu estendendo. foi em mil novescentos e quarente e três, logo depois de de mil novescentos e quarento e dois, acho que estou pegando" e depois compro uma "Piauí" numa banca bem pop pra me sentir a par do que se passa com os modernets.

sorte que eu não sou cristão pra acreditar em inferno. porque de longe, no mais longínquo e distante, sou a maior enganação de todos os tempos. acho que só perco praquele Andy Kaufman. mas só.

é porque vocês não viram meu Curriculum Vitae. quem lê pensa que eu sou um designer poliglota, que desistiu de fazer uma pós-pós em Harvard pra tentar a vida como estagiário em algum puleiro, como experiência sociológica na pós-modernidade.

...
eu achava que eu era um jovem bem pós-moderno. repararam como sou distraído e narcisista?
mas daí explicaram que eu sou mimado e que tenho DDA. faz sentido.

...
só pra não falar que só falo de mim. e essa meninas modelos que morreram? que coisa né...?
tanta gente passando fome e elas cuspindo comida. vomitaram tanto que morreram. que o diga Jimi Hendrix. elas queriam ser mega-magricelas, estilo raquíticas. é estilo do anti-Botero de ser. quem disse que só terceiro mundo copia a estética do primeiro?

ai, quanta maldade.

2 comentários:

Anônimo disse...

E em mamãe Noel vc acredita?

Rafael disse...

só se mamãe Noel for uma marca de cartão de crédito.