sexta-feira, setembro 08, 2006

confere botas. ok.
contagem regressiva.
fiuuuuuuuuuuuuuuuuuu
tchau chão. oi teto.

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olhar blasé. cigarro aceso. um tragada, o olho fecha um pouco, um sopro de fumaça pro lado (educação). o modo que segura o cigarro é displicente (até porque tudo é tão natural) .
as sobrancelhas se levantam, uma expressãozinha de espanto ("que absurdo"), seguido de um sorriso, uma risada, uma leve inclinação pra frente. rindo sempre como uma justificação de que, sim, sou uma pessoa super bem resolvida, portanto vivo feliz. reparem como sou feliz. tá bom, estou reparando. feliz e segura. impressionante. fraqueza nenhuma, sem titubeação. boa demais pra tudo isso.
blasé, blasé, blasé; assisti aquele filme daquele cara; fui ver aquela banda que é a banda; mais uma tragada. exagerar alguma situação, como aquele cara deu em cima de mim, como ele me liga. me cansa a beleza.
tadinha.
-- tá apaixonado?
-- tô puto.

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daí quando caiu no chão foi aquela confusão. foi rolando, rolando, rolando...machuquei o nariz, ralei o queixo, tudo com os olhos bem fechados. quase caiu num bueiro. sorte que eu puxei o narigão do meu pai, e ficou encalhada.
o corpo-torto-decapitado-desnorteado fazia qualquer coisa, menos ajudar. quando ela virou a esquina não tinha mais ângulo pra ver.
ela só foi parar atrás de um pneu de um carro estacionado. na frente de uma oficina: "do diabo, martelinho de ouro, pintura e reformas. aceitamos cartões. não fechamos domingo nem aspas.
foi um divórico mesmo. o corpo agora trabalha como boneco de posto, mexendo esquizofrenicamente seus braços. e a cabeça, coitada, a coisa mais útil que conseguiu se prestar foi de peso de papel, numa escravaninha aí.

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um gestinho obrigação-social-constrangedora-de-ter-que-cumprimentar-pessoas.
ora, ora, senhorita olhar blasé-estou-muito-ocupada-no-celular-combinando-resolvendo-articulando-algo-se-não-emociante-no-mínimo-marcante-vivencialmente não pode no momento fazer mais que um sinal. afinal, vocês sabem, bom, na verdade (se é que existe uma)não sabem.
(um suspiro). uma leve franzida na testa. uma cara de "é, é foda conduzir essa minha vida ocupada e atarefada-in-te-res-san-tís-si-ma". um degrau de cada vez. pronto, senta no trono, puxa o chicote, e (não sei qual é a onomatopéia do barulho do chicote, mas é isso agora) nas costas do seu empregado, que (com a ajuda de outro atrás) levantam o altar, e a conduzem pra sabe-se-lá-aonde.
aí eu grito: Cleópatra, eu sei que você é careca!
sorte que ninguém repara em mim no meio do arbustro.

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engato a segunda. morreu.
desço e empurro.
-- não, não, tá oquei. já resolvo isso.
po-ponto-morto-to.
primiera, priimeeira, priimeeiraa, priiimeeeiraaa
segunda. morreu.
na terça foi enterro.
teve uma jazz big band, assim como ele desejava.
tocaram aquela, e todos dançaram.
e o caixão foi descendo vazio.
o dono da festa não conseguiu chegar.
ligou dizendo que o carro não conseguia engatar a segunda e que vivia morrendo,
e agora tinha empurrado até uma estranha oficina com uma cabeça como peso de papel.

Um comentário:

Anônimo disse...

Feriados definitivamente não te fazem bem...