domingo, setembro 17, 2006

devaneios, devaneios

salsicha, salsicha, salsicha. às vezes esqueço de como se escreve.
mortandela não existe. é que nem o ene de muito. só existe pelo nosso nariz.
pelo nariz é normal, pêlo no nariz é bizarro, mas acontece.
cem o menor conpromiço con a limgua portugueza.
quero mais é que se dane-se.
o inglês é muito mais persuasivo.
é roots, é style, se faz presente numa happy hour depois rush, e os mais hypes que já passaram por uma bad trip, só esperam uma outra vibe. no shopping.

de fato, démodé, é falar francês.

a publicidade, coitada, vive de jobs, briefings, copy and paste, layers, gettyimages, photoshops, e estagiários conformados e dedicados. ah claro, e não podemos nos esquecer do uísque.

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detesto bater na mesma tecla, hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
(tá certo, às vezes eu gosto), mas trabalhar continua sendo a atividade menos interessante que se possa fazer durante oito horas seguidas.

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Tem uma garota, jovem, que eu vejo todo dia de manhã quando vou ao trabalho. quase sempre no mesmo horário, em lugares diferentes do bairro. ela se veste bem, e seu trabalho é passear com os cachorros dos outros.
isso é um serviço, e esta, segunda uma psicanalista brasileira que não me recordo o nome, é a era dos serviços. tem um pacote feito para tudo, inclusive (se não principalmente) para o lazer.
agora procuro no google um serviço de pacotes para trabalhador-substituto. passeie com meu cachorro, faça minha comida, transe comigo, cuide do meu filho, que seja, mas principalmente: trabalhe por mim.

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o problema do capitalismo é que, além de gerar miséria, tristeza e comunistas panfletários, é que para o capitalista tudo é dinheiro, e dinheiro é tudo.
(olha meu saudosismo) ninguém respeita mais nada, nem pai, nem mãe, nem o sol, principalmente.
no dia em que o sol cochichar no teu ouvido 'meu filho, deite na grama, esqueça-te e deixe-me fazer uma massagem revigorosa', deveríamos obedecer. é justo. o sol tá lá, a vontade tá aqui, todo mundo sai ganhando. o sol é o responsável por tudo, qualquer doida-esotérica sabe disso. deveríamos levá-lo mais a sério. o "deitar sob o sol" é um componente ontológico da saúde mental. sem contar que faz bem pra pele e pros ossos. e principalmente (deve ser esse o problema) é de graça.

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outro dia eu tava pensando qual seria o efeito de um avião ser desviado pra se jogar em cima de uma mesquita. um onze de setembro oriental. aí eu me dei conta do ridículo: se você quer ofender um oriental estilo islâmico, vá ao seu âmago, a religião. agora, no nosso caso, se você quer ofender um ocidental-burguer-king, quebre um prédio financeiro-econômico.

nosso totem é aquele 24hs que nunca nos deixa na mão, vermelhinhos, que aceita a maioria dos bancos, e que cobra uma pequena taxa por isso.
nossa missa de domingo é num templo enorme e fechado, com seguranças e cheio de vitrines.
nossa religião é essa: compre e seja louvado.
"ir para o céu" é acumular pontos de milhagens e "ir para o inferno" é ter o nome no SERASA.

ofenda um islâmico: faça uma caricatura do Maomé.
ofenda um ocidental: diga que sua camisa não combina com a calça, ou que seu cachicol é da coleção passada.

sorte que essa religião maluca não aceita fiéis que vivem do cheque especial.
bah... eu nem queria mesmo.

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