terça-feira, junho 20, 2006

o deslexo e o futebol

Sempre desconfiei que eu era meio deslexo. Quando criança costumava chamar "Pacaembu" de "Capaembu". Crescido já não troco "B" por "P", nem esquerda com direita (com exceção nas eleições), mas, vira e volta, penso que tenho um tipo de deslexia sazonal em doses homeopáticas. Digo isso porque eu tenho uma capacidade incrível de ser desastrado. Por isso eu não dirijo. Nem tirei carta. Me ausentar do volante é prestar um serviço público de segurança (pra falar a verdade não dirijo porque tenho preguiça, gosto da comodidade da carona, bebo legal na balada, e também é uma nota preta que nunca pára na minha mão).
Depois de um feriadão de jogos universitários e uma distração de bêbado (derramei um pouco de cerveja dentro da barraca, que depois de um tempo deixou umcheiro de vinho barato enjoativo), achei justo lavar a barraca que a minha maninha emprestou.
Acontece que pra lavar uma barraca no quintal, eu fiz uma lambaça, um derrama-de-lá-pra-cá muito parecida com aquela vez que eu resolvi fazer pão-de-queijo.
Quando eu era menor eu adorava lavar o quintal, porque a água com sabão deixava as lajotas lisas o suficiente pra escorregar e ensair uns "moon-walk". Mas quando você tem idade o suficiente pra ter vergonha de assumir que gosta do Michael Jackson, lavar o quintal é apenas uma atividade de transferência de sujeira do objeto que está sendo lavado pra o resto do quintal.
Não entendo porque eu sem querer molho a roupa que estava secando, esbarro numa planta pendurada e deixo a água suja escorrer pro lado contrário do ralo.
Sorte minha que alguém inventou o box do chuveiro, porque senão tomar banho seria pra mim um paradoxo de limpeza e sujeira infindável.

Fora isso, continuo em busca do "gás perfeito". Aquele gás que eu tenho pra jogar bola e sair à noite que me falta na hora de fazer um portfólio e procurar um emprego.

Outro dia eu estava pensando que se o mundo fosse um lugar democrático, o Terceiro Mundo seria o Primeiro. Isso porque a FIFA tem mais seleções filiadas do que países à ONU. Ou seja, a maioria. E quem apita no futebol é o Terceiro Mundo. E o mais engraçado é que países como a França tem um time praticamente de terceiro-mundistas naturalizados. Casos muito comuns no resto da Europa. Quer dizer, além do Brasil e Argentina serem favoritos, Portugal tem um técnico brasileiro, Japão tem um técnico brasileiro, a França só tem estrangeiro e ainda tem um negão no time da Alemanha.
É como o Coliseu na Roma Antiga: a aristocracia se divertindo com a ralé (só que com menos leões, é claro).
Se bem que jogador de futebol depois de famoso é tão ralé quanto o tataraneto do Bill Gates. Seus salários gastronômicos-astronômicos-persuasivos condenam minha consciência que me fez escutar os conselhos do meu pai e "continuar estudando". Assistir atacantes que usam mais a canela que o drible, mais a força do que a ginga, soa como o motor de uma Harley para um paraplégico em acidente de moto. UAHUahUahUahuAHu... tô brincando, que maldade. Inveja mata. Vou continuar estudando pra conseguir um bom emprego, pra possuir um bom dinheiro, pra enriquecer o suficiente e comprar um time de futebol inteiro pra mim e me escalar como capitão-estrela-marcador-oficial-de-gols.
Ou então volto a jogar botão.


PS: quando eu assisto ao futebol Europeu eu começo a acreditar que na verdade o pebolim veio antes do futebol, e não o contrário. Porque na Europa não tem essa de driblar, e de partir pra cima, ou inverntar algo na hora; o lance dos caras é recrutar jogador de futebol em quartel militar, explicar a imaculada tática e finalizar com um: "não se preocupe em entediar o RAfa, apenas, e somente apenas, faça aquilo que foi orientado." Acho que lá chapéu dá cadeia.

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