sexta-feira, maio 26, 2006

e aquela vontade de trabalhar

Outro dia, pensando nas minhas chances reais de conseguir um emprego minimamente satisfatório (na medida em que um emprego CONSIGA ser satisfatório) eu perguntei a um amigo meu, se aprender a mexer num tal programa de computador era difícil – já que eu não tenho grana nem paciência pra fazer esses cursos desses programas. Ele me respondeu que não é difícil mas “tem que dar um gás” pra aprender sozinho.

Eu tava pensando nessa coisa de “dar um gás”. Porque afinal de contas, a não ser que eu tenha levado muito a sério o “American Way of Life”, se a gente se esforçar bastante parece que a gente “conquista” aquelas coisas que a gente deseja. E logo agora na era da informação, da comunicação relâmpago, da Internet e interatividade, fica mais difícil arranjar uma desculpa pra ser um ignorante.

Pois é justamente este o meu ponto. Sabe-se lá porquê, eu não nasci com aquela gana inicial de ir atrás das coisas, de fazer uma “correria”, e “dar um gás” pra aprender aquela coisa que no futuro vai te abrir portas pra outras coisas, que enfim, vão te levar a realizações e satisfação plena.

Um amigo meu disse uma coisa para outro amigo nosso que eu acho que se encaixa bem para mim: se eu me dedicasse à alguma coisa na vida com tanto empenho quanto eu me dedico ao futebol, provavelmente eu seria um cara bem sucedido.

Talvez todo o meu “gás” inicial tenha sido gasto no futebol. Porque, convenhamos, treinar futebol de campo, à 1h da manhã, 14º graus, chovendo, tem o seu valor.

Pois então, meu empenho vai até aí. Depois é só estilo Garfield de viver.

Talvez eu seja apenas mais um acomodado, comedor de bolinhas, cara-de-pau mesmo.

Aos críticos de plantão, lembrem-se que meu querido Kerouac, com toda sua energia criativa, aventureira, de buscas e insurgências, morreu morando na casa da mãe com seus 40 e poucos anos. Incluindo caminha arrumada, jantar na mesa e etc. Pelo menos aqui em casa sou eu que lavo minha roupa.

Eu procuro um salário, não procuro serviço.

Desde que tenha pausas pra bolachinhas, cafezinhos, fofoquinhas, e uma poltrona macia, que realmente faz uma diferença, estou aceitando qualquer coisa. Só não estou PROCURANDO qualquer coisa. Uahuahauhauhahua. Se a “qualquer coisa” bater na porta de casa, sob aquelas condições acima, acho que aceito, mas não que eu procure ela.

A ideologia capitalista realmente é forte, e vai além do “ter para ser”. De fato, se sentir um vagabundo é se sentir mal. Mesmo que você se sinta um inútil no seu trampo, um mal utilizado funcionário, ou até quem sabe um propagador de uma ideologia que no final oprime você mesmo, ainda sim é menos pior que se sentir um vagabundo.

Pois é. Estou de consciência pesada. Vou pensar a respeito disso enquanto como uma lasanha e vejo se tem alguma coisa na TV.

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