quinta-feira, agosto 24, 2006

adoro os comentários que me deixam. primeiro porque eu fico pensando, pelo jeito de escrever, de quem pode ser. depois porque, como provavelmente é de algum conhecido, o recado é meio fragmentado, tipo um comentário de alguma possível conversa que já 'tivemos', mas que, para eu lendo, não faz muito sentido. tudo bem, desde que o ser humano trocou o sermão e a igreja pela televisão e a sala-de-estar, respectivamente, as coisas não fazem (e talvez nem precisem fazer) muito sentido.

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agora que minha força de trabalho foi apropriada mais-valiamente pelo meu íntimo explorador, no caso o meu patrão (só falo assim pra agradar meu pai), eu não tenho tempo de escrever grandes textos (caracteresmente falando). Vivo de bicos e pontas-de-estoques.
a pseudo-crônica sofre do mal-estar pós-moderno da fragmentação generalizada. é uma praga trotskista! uahuahuahuahauha

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depois de tentar morder a própria testa, com certeza trabalhar é a coisa mais estúpida a se fazer, parte I:
eu sei que eu não sou o cara que acorda mais cedo na cidade pra ir trabalhar. eu respeito muito os padeiros e os motoristas de ônibus. mas sair da cama com 10 graus centígrados pra ir trabalhar é muita provocação. quando a CET não tem que entrar no meu quarto pra me guinchar da cama, eu tento o método do origami: me desdobro pra cima, depois me desdobro pro lado, junto a ponta de A com a ponta de B, me espreguiço, me acostumo com a parte mais fria da cama, gemo, rogo pragas, lembro das contas a serem pagas, e que também que não tem nada de bom pra se ver na TV de manhã, respiro fundo e vou pro chuveiro. o banho é uma novela a parte. quando você descobre o meio termo entre descamação da pele pela água quente e a fria temperatura de fora, o efeito é bem parecido com o "debaixo do cobertor". aí eu preciso usar outros métodos psicológicos de impulso laborial.

falando em desperdiçar água, eu tava pensando que, se o ser humano bebesse em água apenas metade do que ele bebe em café e cerveja, o problema de abastecimento seria muito mais grave. o café só é uma bebida romântica quando se está em PAris, sentado, lendo o Le Monde, fazendo um bico pra alguma coisa, e claro, fedendo porque você é um europeu que não toma banho periodicamente. agora, no dia-a-dia o café é a droguinha que deixa a gente em pé.
vicia o suficiente pra precisarmos todos os dias, mas não o bastante pra você deixar de trablhar pra comprar mais café, ou sei lá, vender as bijouterias da sua mãe pra comprar de madrugada. se bem que eu já vi casos parecidos com coca-cola.
dia de semana: café-café-café.
fim de semana: cerveja-cerveja-cerveja.
algum dia de manhã ou meio-dia de um domingo: àgua-àgua- pra se recuperar.
daqui uns cem anos aposto que a gente vai desenvolver um órgão só pra digerir café, e o fígado vai ser descartável. vai vender fígado nas Casas Bahia, e o pentelho lá vai ficar perguntando: "quer beber quanto?!"
imagina, comprar uns fígados zuados no camelô?
-- vim trocar meu fígado, aquele que você me vendeu veio com cirrose.
uns fígado feito na CHina!
sabe que por dinheiro chinês faz/vende/produz/rouba/inventa qualquer coisa né?

sorte que meu yakissoba é sem carne.

4 comentários:

Anônimo disse...

Em relacao ao desperdicio de agua, voce bebendo metade da agua do que beberia em cerveja estaria contribuindo para o problema do abastecimento, pois (segundo o seu irmao) para fazer um litro de cerveja são gastos 16 litros de agua em todo o processo. Entao qunado for beber sua cerveja itaipava-vagabunda-sem-gosto no sambinha da vila-itororó-beber-agua-e-nao-achei...beba com vontade e beba bastante assim a agua acaba logo e os EUA acabam com a gente por causa da nossa agua ("em abundancia"), assim como o palmito, o bacalhau e todas essas coisas "essenciais" para a nossa subrevivencia.
O seu consumo de cafe soh revela a face decadente-trabalhadora que voce esta sendo submetido, por isso que eu nao bebo cafe no trampo, assim fico meio sonambulo e nao me dou conta da realidade por completo. Fica mais facil desse modo.
Desculpe pelo decadente-trabalhadora, parece meio burguesinho-filhinho-de-papai. Mas descubri que o trabalho, levando em consideraçao as minhas experiencias pessoais, só te satisfaz se voce acreditar na utilidade do que esta fazendo, mesmo que nao seja muito util para os outros, mesmo que nao seja pago pra isso, tipo trabalhar por hobby.
Temos que comer é verdade, mas então se a minha sobrevivencia é algo importante pra mim, por que que eu acreditando nesta utilidade nao fico satisfeito com o que estou fazendo,entende? Os camponeses que produziam, e tinham a possibilidade de produzir (sem aprofundar na questao da exploracao do trabalho do campones e se ele era dono da propria terra e todas aquelas "ideias" que eles discutem la na fflch) deviam ficar muito satisfeitos com a colheita. E nos reclamamos do que prcço com alimentos no supermecado (nao to falando dos altos precos).
Chega de discurso barato..

falou. "Mãe, tem uma grana pra me arranjar. Tô sem grana e a conta do telefone já venceu..."

Um abraço (traduz aí)

Anônimo disse...

Blá, blá, blá...

Anônimo disse...

Vc que estava precisando de um fígado descartável, hem

Rafael disse...

querido Gustavo, se você começar a acentuar as palavras e parar de trocar o "o" pelo "u" vc já pode ter a sua própria pseudo-crônica. Pensando na sua questão, acho que a justificativa de que o trampo é o que me "alimenta" (me dá dinheiro pra comer)portanto deveria ver utilidade no ofício não funciona COM A GENTE, que de fato, não morreremos de fome se não trabalharmos. Outro problema, é ser jovem e se frustrar com as possibilidades de produção desperdiçada num trabalho. a gente sempre acha que poderia estar utilizando aquelas ferramentas do trabalho pra coisas mais interessantes. e 11 em cada 10 chefes costumam falar besteira pra gente. isso vai dando uma brochada. até porque, a gente (no caso eu e vc) é muito arrogante (com essas coisas de trabalho e pessoas comuns que não conhecemos...uhauhauauahuah). tô brincando, depois que ninguém lembrou do meu aniversário eu me tornei um cara mais humilde. até frequento uma igreja aqui perto. se chama "pedacinho do céu".
amém.