quinta-feira, agosto 03, 2006

no Samba da Meirinha samba todo mundo

o samba não é dilema, é certeza. mas agora um tanto frustrante.

Na nossa megalópole, sempre que surge algo interessante (ainda mais quando se trata de balada) bastam dois meses e uma indicação do Guia de Fim-de-Semana da Folha pra bombar, estrumbar, custar o olho da cara, e por algum motivo estranho, desaparecer depois de um tempo.
o Ó do Borogodó era um muquifinho (ainda é). Uma garagem mal-ventilada (até um tempo atrás), nada demais. O som é ótimo, cerveja de garrafa e preço acessível quando se está trabalhando. De tão roots, virou cult, e agora tem fila dupla de carro estacionado na porta e os preços, ao contrário do samba tocado, não é a cara do Brasil. Foi-se (pelo menos pra mim).

Depois que eu descobri (tá bom vai, foi minha irmã que me apresentou) o Samba da Meirinha, pensei que eu era o cara do samba, da nata, filho prodigioso paulistano sambista da Velha Guarda da Barra Funda, Bixiga, herdeiro do samba de côco, do jongo, e de qualquer outra manisfestação pós-quilombola-moderna vigente hoje em dia.
O Smaba da Meirinha tem roda de samba de qualidade, bom repertório, qualidade de som e os preço são bem mais BRasil. Amo muito tudo isso.

Buenas, estou eu, todo orgulhoso da minha unicidade cultural, vinculada às manifestações mais ligadas às raizes brasileiras, pomposo e até esnobador (falei pra umas amigas: "fui num sambinha esquema na Vila, mas não posso te contar onde é..."), quando de repente, estou eu pegando a última CartaCapital com a Heloísa Helena na capa, começando a folhear, e PASMEM -- pois eu pasmei --, a primeira reportagem é sobre um samba, blá blá blá, da Meirinha, blá blá blá na Vila!
A reportagem também não disse onde era, pra preservar o "ambiente de amizade".

Meu reino por uma balada desconhecida.
Minha pompa, pose, e ar de sambista rare grooves, foi-se, junto com as minhas idas ao Ó.
O que eu pensava possuir de mais exclusivo é matéria nacional... esse mundo globalizado é uma merda.
Enfim, perdi meu recanto recluso quase exclusivo barato e bom. Agora todo mundo já sabe desse sambinha. Daqui há um ano aposto que vão estar aceitando cartão, e vai ter lugar pra "estacionar" o cachorro das madames. Sem contar um possível manobrista parado na porta.

bah... é bem provável que eu volte lá sábado que vem, mas com menos pose. Até desencanei de comprar um chapéu Panamá, e nem vou mais fumar cigarro de palha.
O Chico tava certo quando disse que perdeu a viagem à Lapa, que o malandro não existe mais.

Aliás, já contei a história de quando eu fui pro Rio, lá na LApa? De fato, o malandro não existe mais, mas o pedinte, existe à dar com pau!
O carioca não pode ver que você é turista que já vem te pedir coisa. Turista eu até era, mas do tipo "bem simples né". Todo mundo lá quer gorjeta, inclusive as pessoas que estão DO SEU LADO NA BALADA. uauhauahuahuahua
aconteceu uma história engraçada comigo e com meu amigo envolvendo petiscos, moedas e um leve desentendimento com a comunidade local! uauahauhauhauhauh
é sério. Pedir gorjeta é tipo patrimônio cultural no Rio. "Peço logo existo" tá escrito na entrada na Prefeitura.

nada contra os cariocas, é só uma crítica construtiva de uma pseudo-paulistano-com-inveja-do-samba-carioca-de-caráter-exclusivo. Eu adoro o Rio, pelo menos a Zona Sul e Santa Teresa. Só não moro no RIo porque lá a Pizza é uma farsa, as padarias não têm pães da hora, e o Campeonato Carioca é a segunda divisão do Campeonato Paulista. Se bem que o Corinthians está me ajudando a superar esse problema.

ah! além de várias pessoas conhecerem agora o Samba da Meirinha, elas também fazem o que eu achava ser o "Incrível Percurso do Samba Paulista no Sábado". Que consiste em ir no Samba da Roosevelt de tardinha e à noite emendar o da Meirinha. Quando cheguei na Vila, tinha umas quatro, cinco pessoas que estavam comigo na Roosevelt.
Ou seja, não consegui inovar em nada. Nem no roteiro, nem na teoria, nem na prática.

Meu lado sambista é uma farsa momentânea conduzida pela onda de resgate da cultura nacional em voga. Eu sei.. eu sei... mAs é que eu sempre fui roqueiro, desde pequeno, cantava em inglês sem saber o quê, e agora com o Lula, com a Petrobrás auto-suficiente, e com a exposição do Brasil na França e a admiração dos gringos pela Tropicália, me deu uma vontade ser brasileiro-e-não-desistir-nunca. Quero sambar, quero ser brasilero também. Jogo futebol, sou despolitizado, só falta aprender a sambar.

eu tentei as vias nordestinas, MAractu, Forró, mas não dá. Não aguentei... até Capoeira eu fui mais aberto, mas aquele berimbau monotônico é enlouquecedor...
catzo! como eu faço pra ser brasileiro então?
eu sou brasileiro, eu quero ser brasileiro, nem lembro em quem eu votei na eleição passada, viu? eu levo jeito. O samba é só uma questão de tempo.

uahauhauahuahauhauahaua

Bacci!

4 comentários:

Anônimo disse...

Samba?
Brasileiro?
Tá mais com cara de italiano macarrônico
Que tal lhe parece a tarantela?!

abraço

Rafael disse...

uahuhauah
eu até gosto da tarantela... mas a tarantela é dos italianos do sul da Itália, e minha ascendência é do norte da Itália. Nossa música conhecida é "La Bella Polenta". Tenho até em vinil aqui.
eu sou muito sambista macarrônico, certeza: de sandália com meia no samba!

Anônimo disse...

falta ir ao alemão e ouvir as histórias do barão!
mas esses você deve conhecer também...

samba é samba
capital é carta
e deixa estar.

grasi

Diego Fróes e Souza disse...

tava procurando no google: samba meirinha preço.
Achei este post incrível. Principalmente pq é exatamente meu roteiro de hje, samba bom e barato, para pseudo-sambistas que é o que sou. rs
penso quase q exatamente como vc com realação as noites sambistas paulistanas.