domingo, agosto 20, 2006

rapidinhas so samba 1:

semana passada meu professor passou o filme "Rio Zona Norte", que fala sobre o samba do morro indo pra gravadora. E é muito bom por sinal, e no final ele falou um pouco sobre o "jeitinho" brasileiro, seus lados positivos e negativos (tinha a ver com o filme). Depois disso, acabei indo pra uma balada meio de samba, chorinho e coisas brasileiras em geral que a gente, que temos certeza que temos bom gosto, gosta. Daí entra o "jeitinho" brasileiro, nada mais correto do que num samba. Vindo direto da faculdade num ímpeto consumista, ainda estava de mochila, e meu amigo de mala e uma câmera de vídeo alugada da faculdade. Sem dinheiro pra gastar na chapelaria, na conversa, "guardamos" nossas coisas de baixo de uma mesa de um carrinho de cachorro-quente que tem dentro da balada. Saí aos pulos, e mais uma vez, acreditei que ali estava a gênese do comportamento brasileiro, e ali eu consumava a minha identidade nacional. Agradeci a gentileza, e fiquei com um sorrisão na cara. Economizado o dinheiro da chapelaria o mais óbvio é gastar em cerveja, já que aparentemente é pra isso que os jovens vivem. Daí entra o jeitinho brasileiro parte II: sabe-se lá porquê, a irreverência natural brasileira, quase que uma alegria e criatividade genética, nos impede de raciocinar de como uma fila indiana, por mais que pareça cumprida, funciona mais que um aglomerado de gente espremida na frente de um guichê. Claro que o dono da balada, como eu, querendo economizar também, resolveu deixar apenas um atendente no guichê que vendia ficha pra cerveja. E claro que levou mais de meia-hora pro meu amigo comprar uma ficha, porque eu dei "um forte abraço" e saí daquela muvuca. Moral da história: o jeitinho é um saco paradoxal, economizei e não pude gastar. a não ser que gastasse toda minha paciência naquela fila. Mas vocês sabem que "eu trabalhei a semana inteira, também sou filho de Deus" e que mané pegar fila em balada...

rapidinhas do samba 2:

falando em coisa paradoxais ou contradições engraçadas, se preferir, o samba tem mais uma.
após eu ser expulso de uma festa porque não cumprimentei direito o dono (eu falei o meu nome sem olhar na cara dele: claro que eu não sabia que ele era o dono!) no caminho a ser expulso fiz uma mea-culpa à la brasilis e na porta ele mudou de idéia e deixou a gente voltar e beber um montão de cerveja que tinha na festa dele. Bebi tanto na sexta (até porque a festa do cara era só cerveja, não tinha mais nada de interessane) que no sábado estava tatuado na minha cara: perdoe-me meu cheiro, estou numa ressaca colossal. Mas não é que no sábado tinha um aniversário de um grande amigo meu num samba conhecido e eu tive que ir? Tive mesmo. Daí, por incrível que pareça, fiquei só na agüinha que nem um gringo desenturmado. Até bater aquela fominha (pois de ressaca não como nada), e eu mandei ver um caldinho-de-feijão-delícia. Que coisa! A ressaca passou, e eu voltei a beber. E assim fecha o ciclo: sambe-beba-dor-de-cabeça-sambe-cure-beba-sambe-novamente. Claro que sambar, para mim, significa acompanhar de um modo discreto e contido as batidas mais forte do surdo, que são as mais simples do samba.
Moral da história 2: o samba e esse nosso jeitinho, são, de fato, a síntese do povo brasileiro (pelo menos o povo brasileiro que passa na TV): ajuda e atrapalha, é a cura e a doença ao mesmo tempo. A gente se vangloria individualmente da parte boa das malandragenzinhas, e resmungamos coletivamente do lado ruim do jeitinho. Individualmente a gente dá um jeito de não ter que votar, e coletivamente a gente lamenta estar num sitema onde os caras de gravata de Brasília consigam tirar nosso dinheiro sem nenhum esforço e amparados pelo COnstituição.
A gente, literalmente, dança. Todos os dias.

4 comentários:

Anônimo disse...

Fui expurgado da mesma festa... Mas ok... O Rob sempre dá um jeito...

E foi cerveja até não querer mais...

Engraçado, acho que o problema dele não era a cerveja era a mulherada que ele queria pegar... E não deve ter pegado...

Sobrou pra galera rir até não querer mais do rapaz né?

Anônimo disse...

um brinde com caipirinha ao caldinho de feijáo da graça!

Anônimo disse...

Não tem nada a ver com discutir discussões, e sim beber para passar o tempo juntos, "troca uma idéia, tá ligado". Bobão,... ah deixa pra lá.

Anônimo disse...

Samba
Samba
Samba...

Ah, muda pelo menos o ritmo!